
Tirando os filmes do Sam Raimi protagonizados por Tobey Maguire, eu não assisti a nenhuma das outras produções do Homem-Aranha no cinema. Os longas com o Andrew Garfield são qualquer coisa e os estrelados por Tom Holland são divertidos, mas esquecíveis, apesar do ator funcionar muito bem como o personagem.
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Em virtude do buzz e do sucesso estrondoso de “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa” (o primeiro filme desde o início da pandemia a se aproximar dos números de bilheteria pré-pandemia), dei o braço a torcer e fui ao cinema. O burburinho em torno da produção realmente faz sentido, já que a trama abraça as várias possibilidades abertas pelo universo Marvel e é um verdadeiro fanservice, com a volta de personagens importantes dos episódios da franquia anteriores a Tom Holland.

Hollywood mais do que ninguém sabe que nostalgia vende bem e o terceiro episódio da trilogia com Holland capitaneia exatamente o que atualmente mais dá dinheiro: o saudosismo. Fazendo um bom uso da ideia do multiuniverso, já explorado em outros produtos audiovisuais da Marvel como as minisséries “WandaVision” e “Loki” e a animação “What If…“, o filme costura uma boa ideia de forma competente usando como mote principal o carinho que os fãs têm com os filmes anteriores e os atores que vestiram o uniforme do aracnídeo antes.
O resultado dessa miscelânea de referências é realmente divertido, com bons momentos de uma ação bem construída (em especial a luta entre o Homem-Aranha e o Dr. Estranho) e cenas emocionantes de encontros e reencontros, seja entre vilões e heróis do passado. Mas o grande calcanhar de Aquiles do longa é que, em termos de conceito e realização, a animação “Homem-Aranha no Aranhaverso” fez algo bastante semelhante de forma melhor e mais ousada, narrativa e esteticamente.

Não que “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa” seja um filme pior por conta disso, apenas que parte do frescor da ideia se perde porque, no final das contas, a produção tem a mesma premissa da animação. O fato de Jon Watts (que dirigiu os capítulos anteriores protagonizados por Tom Holland) não ser um grande diretor também pesa contra o longa, que termina com uma grande luta final bagunçada e escura com uma edição e efeitos especiais que pouco contribuem para o entendimento da ação (uma crítica comum a vários longas da Marvel que buscam o espetáculo pelo espetáculo).
De qualquer forma, “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa” faz jus ao legado do herói e é, de longe, o melhor dos filmes com Tom Holland, que segue sendo carismático e entendendo o aracnídeo de forma mais redonda do que Maguire e Garfield. A boa química entre ele, Zendaya e Jacob Batalon, que interpreta seu melhor amigo, também contribui para o sucesso da produção. Os donos de “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa”, no entanto, são Benedict Cumberbatch (que volta como Dr Estranho e contribui para o desenrolar da trama, um tanto bobinha e cheia de furos, na verdade) e Willem Dafoe, quem mais parece estar se divertindo reprisando o papel do Duende Verde da primeira trilogia do Homem-Aranha.
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