2010 foi um ano de transformação, de passagem. Entre idas e vindas, um sonho virou realidade, os amigos e a família ficaram distantes. Foi um ano de desapego, de deixar a segurança e o conforto de lado e apostar no arriscado. Se fui bem-sucedido ou não, só o tempo vai dizer. Entre um pouco de medo, solidão, esperança, desejos e vontades, 2010 foi mais um ano de ver filmes, ir a shows, ouvir músicas e conhecer bandas, me apaixonar por seriados…
Enquanto 2011 não diz a que veio, eu digo o que eu vi e ouvi de melhor em 2010. É uma seleção pessoal e intransferível, sem a menor pretensão de dizer que isso é melhor do que aquilo. É o melhor para mim, sem pretensões estéticas, históricas ou o que for. Ponto. Foram momentos especiais para mim, que me tocaram, alegraram, me deixaram triste, melancólico, nostálgico, ora feliz, ora cinza.
Filmes
Filmes
Tenho visto cada vez menos filmes. Compro DVDs e os deixo guardados na estante. Baixo filmes e os deixo ocupando espaço no HD. Vou cada vez menos ao cinema, sempre selecionando o que realmente eu vou achar bom, o que me interessa. Tenho me arriscado menos e menos a descobrir novos cineastas, cinematografias diferentes, estéticas novas. A questão da grana pesa, claro, mas acho que é mais um comodismo cinematográfico mesmo.
Entre o pouco que vi esse ano, destaco A Rede Social. Um filme que tinha tudo para ser chato, mas é um achado nas mãos hábeis de David Fincher, um cineasta que é cara dos anos 1990 (“Seven” e “Clube da Luta” estão entre os melhores desta já distante década), mas não ficou parado no tempo.
Entre o pouco que vi esse ano, destaco A Rede Social. Um filme que tinha tudo para ser chato, mas é um achado nas mãos hábeis de David Fincher, um cineasta que é cara dos anos 1990 (“Seven” e “Clube da Luta” estão entre os melhores desta já distante década), mas não ficou parado no tempo.
No quesito “caralho, o que é isso!”, vale lembrar de A Origem (resenha aqui), filme para ser visto em tela grande, com a trilha sonora de Hans Zimmer gritando no último volume. Cinema quebra-cabeça. Cinema ousado. Cinema para gente grande. Muita gente amou. Muita gente odiou. E Christopher Nolan, mais uma vez, fez o filme mais falado do ano (em 2008, o diretor realizou a mesma proeza com o épico “Batman, O Cavaleiro das Trevas”).
O cinema nacional não ficou atrás e provou que também sabe fazer filme de verdade, não episódios de novela esticados para a tela grande, nem teses chatas sobre o sertão, o árido ou o mundo cão. Em ritmo de filme de ação, José Padilha não apenas quebrou todos os recordes de bilheteria no país, como fez um longa com ampla repercussão e cheio de braços. Tropa de Elite 2 discute cinema, política, sociedade, tudo com maestria, feito por quem sabe manipular imagens e sons como poucos.
Cinema também é emoção. E eu me abro sem medo a filmes que só querem emocionar, mesmo que não inovem ou tenham falhas. Mesmo não sendo perfeitos, Toy Story 3 (resenha aqui) e Direito de Amar (péssimo título para um filme exemplar) estão bem perto de serem. O primeiro é um animação madura e que não tem medo de ser nostálgica e melancólica em alto grau. Um roteiro primoroso nos leva a uma jornada que mostra que crescer é deixar coisas para trás, é desapegar, sofrer e seguir em frente. Um filme infantil que traz um olhar belo e adulto sobre como é preciso deixar o passado em seu lugar para se alcançar o futuro.
Direito de Amar também é sobre perda, sobre como somos afetados por pessoas e elas influenciam nossas escolhas, trajetória e vida. Esteticamente perfeito, o estreante Tom Ford mostra uma realidade impecável, cheia de ternos bem cortados e cabelos milimetricamente penteados, como contraponto a uma vida vazia de sentidos graças à perda de um grande amor, desses que são tipo avassaladores e não deixam pedra sobre peda. Colin Firth, Julianne Moore e a trilha excepcional de Abel Korzeniowski são a cereja do bolo.
Outros destaques:
A bela trilha sonora, cortesia do Daft Punk, e o visual neon de Tron, O Legado (resenha aqui); O olhar delicado de Spike Jonze sobre a imaginação infantil em Onde Vivem os Monstros; A poesia ganha tradução em imagens no belo Brilho de uma Paixão; Michelle Pfeiffer encara a idade sem medo no drama de época Chéri; Martin Scorsese e Roman Polanski demonstram que sabem abraçar as regras de um gênero como poucos em Ilha do Medo e O Escritor Fantasma; Ryan Reynolds prova que é mais do que um rostinho bonito no ótimo e tenso Enterrado Vivo.
Um pensamento sobre “2010: os melhores – parte I”
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Adoro os filmes que me arrebatam. E assim o fizeram tanto o Toy Story 3 quanto o A Single Man. Fiquei perdida após assistir os dois, chorei em ambos por motivos diferentes. Depois que a gente assite cada um parece que nunca mais vai ser a mesma pessoa, embora a manhã seguinte chegue com alguma dessas verdades idiotas e absolutas para quem tem preguiça de viver.