O primeiro apresenta uma narrativa clássica das mais convencionais, com trilha musical onipresente, fotografia genérica e apelo emocional em doses cavalares (perdão pelo trocadilho) para fazer o público comprar a história da amizade entre um rapaz bom e um cavalo arredio em meio à guerra. Emociona, mas não convence (no gênero cinematográfico eqüino, Corcel Negro ganha!). A história é contada de modo esquemático e mais parece uma sucessão de esquetes com o tal cavalo. Os humanos não despertam a menor simpatia, mas Spielberg sabe o que faz quando constrói as cenas de batalha.
Já a animação feita à base do método motion capture (que nunca me cativou) e baseada nos personagens do cartunista belga Hergé, “As Aventuras de Tintim” não esconde sua natureza aventuresca e é pura diversão, mas não vai além disso. O visual é belíssimo, não há como negar, e a trama começa sem muito rodeios, mas a frieza da técnica de captura de movimentos acaba criando um distanciamento entre público e narrativa que depõe contra a animação. Como não sou um iniciado no universo de Hergé, não posso dizer se Spielberg foi fiel ou não à essência dos quadrinhos do belga. Ainda que seja perceptível o empenho dos atores (Jamie Bell, Andy Serkis, Daniel Craig), o filme traz técnica demais e alma de menos.