Steven Soderbergh chuta o pau da barraca nesse À Toda Prova, longa de ação descerebrado que tem como mérito maior ser protagonizado por uma lutadora de MMA (não me perguntem o que é isso, porque eu não sei!), Gina Carano, e trazer um bando de atores fazendo pontas, ou sendo espancados, melhor dizendo. A história, um tanto confusa, gira em torno da boa e velha traição, com direito à espionagem, mortes e viagens pelo mundo afora.
É um filme de ação com toques de produção de espionagem envernizado com a grife Soderbergh de ser. Ou seja, fotografia em tons amarelados (desde “Traffic” que o moço insiste na mesma paleta de cores), rostos conhecidos e uma edição engraçadinha cheia de firulas. Em resumo: muito estofo para pouca coisa.
A trama gira em torno de Mallory Kane (Carano), espiã que é traída pelos chefes em meio a uma missão e tem que provar sua inocência. Nada mais do que óbvio. Para disfarçar a obviedade, Soderbergh estraga tudo e vai contando a história de forma não linear, o que só atrapalha mais ainda a brincadeira. Ok, talvez, as duas cervejas que tomei antes da sessão não tenham ajudado, mas saí com a impressão de que o longa seria bem melhor se fosse contado de forma convencional, sem porra de flashbacks e vai e voltas no tempo.
Entre sopapos, pontapés, alguns tiros e explosões, Carano se saiu muito bem na parte física da coisa toda, mas não convence como atriz, sempre com uma cara emburrada nada carismática. O elenco masculino é interessante, mas só serve de escada à “atriz” e vai morrendo ou sendo descartado no decorrer da produção (Michael Douglas, Ewan McGregor, Antonio Banderas e os garotos da vez Michael Fassbender e Channing Tatum dão o ar ou os bíceps de sua graça).
O resultado é um filme frouxo que só se sustenta pela curiosidade de ver Soderbergh desbravando mais um gênero (o rapaz já fez de tudo: drama, filme polêmico sobre sexo, longa de doença catástrofe, produção kafkaniana, filme de assalto, veículo para Julia Roberts ganhar Oscar, produção experimental, ficção científica, cinebiografia de líder político, fracasso dirigido em preto e branco e mais uma porrada de fime – gente, como esse homem trabalha!). No caso de “À Toda Prova”, menos seria mais, e Soderbergh é o principal defeito do longa.