Pílulas

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OldboySpike Lee pode ser conhecido pelos seus projetos mais politizados, mas o rapaz sabe ser um diretor de encomenda e realizar bons filmes puramente comerciais, vide o interessante “O Plano Perfeito” e o ótimo “A Última Noite”. Pena que no remake do ovacionado longa coreano “Oldboy”, o diretor tenha errado a mão e entregado um trabalho genérico e equivocado. Nada na releitura de Lee parece funcionar: a violência é pontual e parece desnecessária, as coreografias de luta não funcionam, não existe tensão ou suspense. O cineasta ainda se esforça para entregar uma produção com certa assinatura visual, mas é muito pouco para compensar a expectativa em torno do projeto. A história de vingança é praticamente a mesma, com uma mudança aqui ou ali, mas o erro aqui está menos nas mudanças da trama e mais no tom do longa (os flashbacks chegam a ser cômicos). Nem o elenco salva e Josh Brolin, Elizabeth Olsen, Sharlto Copley e Samuel L. Jackson fazem muito pouco para salvar esse remake do fracasso total.

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O Homem DuplicadoDavid Lynch deve ter ficado orgulhoso desse novo exercício estilístico do diretor canadense Denis Villeneuve, inspirado na obra de José Saramago. Narrando uma história que faz muito pouco sentido, o diretor (do ótimo “Incêndios” e do interessante “Os Suspeitos”) conquista a atenção do público praticamente criando clima e investindo na ambientação. Jake Gyllenhaal é um professor pacato que descobre do nada que tem um clone igualzinho a ele, com a mesma voz e tudo mais. Mas o desenrolar da trama aqui é o que menos conta, e o mais interessante é acompanhar como Villeneuve constrói seu filme em uma aura dignamente lynchiana. Prêmio de filme mais estranho da temporada, com direito a dois Jake Gyllenhaals, ótimos e lindos.

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O Grande Hotel Budapeste – O cinema por demais calculado de Wes Anderson parece que realmente perdeu a graça. Depois do pálido “Moonrise Kindgom”, o diretor entrega mais um trabalho “bonitinho, mas ordinário”. Tudo parece estar no lugar: um elenco incrível, uma direção de arte e figurinos impressionantes, uma câmera que passeia pelas cenários e uma edição caprichada cheia de firulas típicas do diretor. Mas se a fórmula criada pelo diretor parece dar extremamente certo em filmes como “Os Excêntricos Tenenbaums” e na animação “O Fantástico Sr. Raposo”, agora parece desgastada e utilizada muito mais para marcar a assinatura do cineasta do que propriamente servir à narrativa. Não que “O Grande Hotel Budapeste” seja um filme ruim, mas é repetitivo em sua proposta, ainda que divertido de se assistir. Mesmo com o desfile de rostos conhecidos (Ralph Fiennes, Adrien Brody, Jeff Goldblum, Bill Murray, Jude Law, Edward Norton, Willem Dafoe e por aí vai), a pergunta que fica é: conseguiria Wes Anderson dirigir um filme normal?

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