Apesar de ter outros filmes em sua filmografia, o cartão de visitas do roteirista e diretor John Carney é mesmo o musical romântico Apenas uma Vez. Em seu novo trabalho, Mesmo Se Nada Der Certo, Carney praticamente refilma seu maior sucesso.
Ambos os filmes são sobre corações partidos que tentam se curar por meio da músicas, são protagonizados por músicos tentando a sorte na vida e, acima de tudo, trazem em seu cerne uma história de romance e/ou amizade. Além das temáticas que perpassam os longas, a estrutura dos mesmos é parecida, a música sendo um importante elemento narrativo e criando grande parte do clima e charme da produção.
Para a sorte de Carney e do espectador, mesmo com todas as similiridades, “Mesmo Se Nada Der Certo” consegue se descolar de “Apenas uma Vez”. Os principais responsáveis por isso são os atores Mark Ruffalo e Keira Knightley, ambos perfeitos e naturais em cena. É a química entre os dois que salva o filme das próprias amarras criadas por Carney. Enquanto Ruffalo se empenha na cara de cachorro perdido, Keira abre seu sorriso torto e conquista com sua simpatia, desenvoltura e voz (ela mesma canta as canções).
Ele é um produtor musical que está em decadência. Separado da mulher (Catherine Keener sendo Catherine Keener), ele mal cuida da filha (Hailee Steinfeld) e há tempos não descobre novos talentos. Ela está em Nova York acompanhando o namorado à beira de se transformar em um rock star (Adam Levine). Graças a um pé na bunda do rapaz, ela acaba sendo descoberta pelo produtor.
A partir daí Carney usa sua direção leve e senso musical para narrar o encontro dessas duas almas musicais e perdidas. Com o casal certo, ele entrega um trabalho melancólico, simpático, divertido e com uma trilha sonora perfeita. O filme não tem a originalidade e a ingenuidade de “Apenas uma Vez”, é verdade. Também não tem a mesma crueza na realização e edição, aparentando ser uma típica produção hollywoodiana. Mas isso não pesa contra. “Mesmo Se Nada Der Certo” é aquele típico filme que flui desde o início e conquista por ser simples e espontâneo.