Era uma Vez em Nova York – A força do novo trabalho do cultuado James Gray está toda na interpretação de Marion Cotillard e na direção de arte e fotografia suntuosas. No mais, “Era uma Vez em Nova York” segue a cartilha do melodrama clássico. Recém chegada a Nova York da Polônia, a bela e ingênua Ewa (Cotillard) se vê presa em uma situação incontornável e acaba nas mãos de Bruno (Joaquin Phoenix), que a transforma em prostituta. Sem grandes arroubos dramáticos, o filme corre lento e silencioso e prende a atenção graças à encenação e a Cotillard, mas não oferece muito de novo em meio a todo um repertório de dramas melodramáticos de época. A direção de Gray dá ao longa um tom de distanciamento equivocado, e as mudanças de personalidade dos personagens não soam naturais, comprometendo o envolvimento do espectador. Ainda assim é um filme belo de se ver e traz Cotillard mostrando mais uma vez um domínio de cena invejável.
Miss Violence – Os filmes de terror mais assustadores não são aqueles com monstros e criaturas fantásticas, e sim os protagonizados por humanos em situações perfeitamente possíveis. E “Miss Violence” é um ótimo filme de terror. Com uma encenação econômica, uma narrativa seca e uma direção crua, somos levados para dentro do apartamento de uma família que acabou de viver uma tragédia: a neta de 11 anos pulou da sacada bem no meio do seu aniversário. A princípio, o diretor Alexandros Avranas apenas sugere o que se passa naquele ambiente claustrofóbico apresentado em planos e enquadramentos estáticos. À medida que a trama do longa vai sendo apresentada, o horror velado das imagens ganha a tela e, quando Avranas revela por completo a situação daquela família e o motivo do suicídio da garota, o filme ganha o mesmo sentido de uma porrada certeira no estômago. Pesado e incômodo, “Miss Violence” é uma dessas obras que nos faz desistir de vez em acreditar em algum propósito da humanidade.
Mapa para as Estrelas – Depois de tentar um caminho formal mais convencional (“Marcas da Violência”, “Senhores do Crime” e “Um Método Perigoso”), David Cronenberg voltou a fazer o que sabe melhor no péssimo “Cosmópolis”: apontar sua câmera para personagens bizarros e situações insólitas. Em “Mapa para as Estrelas”, mais uma vez o cineasta segue esse caminho e entrega um trabalho irregular. Aparentemente, o longa é uma crítica mordaz à vida mundana em Hollywood. Cheio de personagens esquisitos (a atriz tresloucada, o astro-mirim metido, o guru e sua esposa um tanto neurótica, a esquisita com a cara queimada etc), o filme mistura todas essas figuras sem muito critério em uma narrativa apática. Em algum momento, Cronenberg amarra todos os personagens e termina sua crítica a Hollywood da maneira mais sem sentido possível. Os atores se dividem entre perdidos (John Cusack e Robert Pattnson não têm muito o que fazer) e exagerados (Julianne Moore no limite da caricatura), e “Mapa para as Estrelas” afunda em sua pretensão.
Grace: A Princesa de Mônaco – Apesar de boa atriz, Nicole Kidman sabe como escolher bombas e sua filmografia está cheia delas (“Reféns”, “Obsessão”, “A Feiticeira”, “Revelações” e por aí vai). “Grace: A Princesa de Mônaco” é mais uma para a lista de tragédias protagonizadas pela estrela. Perdida entre o corte final do estúdio e do diretor Olivier Dahan (“La Vie en Rose”), a cinebiografia de Grace Kelly ganha a luz da telona como um thriller político sem nenhum impacto ou tensão. Mal dirigido e escrito cheio de frases de efeito constrangedoras, o filme tem lá seu valor em termos de encenação suntuosa e figurinos, mas é muito pouco para compensar a realização frouxa e a narrativa sem grandes momentos dramáticos. Faltam plumas e paetês onde sobram espionagem, chantagens e reviravoltas na trama. Nem a própria atuação da atriz se salva. Usando e abusando de sua entonação rouca, Kidman entrega uma interpretação superficial e mais parece a caricatura de uma princesa.