Para Sempre Alice

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De certa forma, Para Sempre Alice tem todas as características de um filme feito para a TV. O tema da doença da semana é edificante, centrado em torno de uma família e com encenação econômica.

A sorte do longa é que seus diretores pegam um best seller e o transpõem para a tela grande com cuidado e delicadeza. Ainda que “Para Sempre Alice” não seja um filme arrebatador (como “Longe Dela”, filme com premissa semelhante) é o olhar sensível da dupla de diretores (Richard Glatzer e Wash Westmoreland) que impede que a produção caia no melodrama superficial e fácil.

O dramalhão é deixado de lado e as cenas dramáticas são precisas e diretas. As lágrimas são mais consequências do que o objetivo do longa. A narrativa se apóia quase no corriqueiro e no dia a dia de uma família comum tendo que lidar com um drama inesperado e sem grandes comoções. O drama é discreto e comovente sem ser frio e/ou distante.

Parte da responsabilidade da delicadeza da produção recai sobre os ombros do elenco. Apesar de se apoiar na figura de Julianne Moore como principal peça de marketing, Alec Baldwin, Kristen Stewart, Kate Bosworth e o resto do atores também contribuem para que o filme tenha o tom certo.

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Quanto a Julianne Moore, uma das melhores atrizes desde sempre, ela está ótima no longa, em um papel contido e quase discreto. Ela é uma professora de linguística que descobre ter Alzheimer precocemente. Sem grandes exageros, a atriz ocupa a tela inteira e entrega uma atuação comovente (a cena da palestra já perto do final do filme é seu melhor momento).

Seu Oscar tardio é mais do que merecido, mas sua interpretação em “Para Sempre Alice” é até pálida diante de outros trabalhos da atriz: “Safe”, “Boogie Nights”, “Magnólia”, “Fim de Caso”, “Longe do Paraíso”, “Direito de Amar” e por aí vai.

De certa forma, é até um pouco triste que uma atriz tão versátil e ousada tenha recebido o prêmio por um papel tão convencional. A culpa é menos dela (que realmente está muito bem) e mais do próprio cinema.

Curiosidade: Muita gente associa Julianne Moore a bons filmes, mas a atriz também já fez muita, Muita, MUITA coisa ruim. Seu Top 10 de piores trabalhos são os suspenses genéricos “A Mão que Balança o Berço” e “Corpo em Evidência”; as comédias “Nove Meses”, “Evolução” e “Leis da Atração”; os filmes de ficção e terror “Os Esquecidos” e “Identidade Paranormal”; os indecifráveis “O Vidente” e “O Preço da Traição”; e o dispensável remake de “Carrie, A Estranha”.

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