Sicario – Terra de Ninguém – Denis Villeneuve é um desses diretores que parece sempre prestes a ser revelado e descoberto pela critica e público. Infelizmente, isso nunca acontece e seus filmes prometem, mas nunca deslancham. Foi assim com os interessantes “Os Suspeitos” e “O Homem Duplicado” e até com o indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro “Incêndios”. Todos são muitos bem dirigidos pelo cineasta canadense, mas também apresentam problemas de roteiro e/ou abordagem.
Esse thriller sobre tráfico de drogas segue a mesma linha. Villeneuve imprime um ritmo nervoso ao longa e oferece ótimos papéis e momentos para sua trinca de atores (Emily Blunt, Josh Brolin e Benicio Del Toro), mas o longa nunca realmente empolga. Parte da culpa é do roteiro confuso que nunca explica realmente o que está acontecendo e o propósito da missão que envolve a agente do FBI vivida por Blunt.
Outro porém é a própria protagonista, que é sempre tratada pelo roteiro como coadjuvante da trama. Ainda assim a produção é envolvente e traz duas cenas de ação muito bem realizadas (o comboio de carros que leva um traficante para os EUA e a invasão a um túnel).
Ponte de Espiões – Depois do chatíssimo “Lincoln”, esse “Ponte de Espiões” chega com um alívio e refresco na filmografia de Steven Spielberg. Ainda tratando de um tema sério, a Guerra Fria, o cineasta deixa de lado a pompa e pretensão de seu trabalho anterior, fugindo da narrativa com cara de aula de história, e entrega um longa envolvente e muito bem construído.
Usando o talento e carisma de Tom Hanks (em sua 4a colaboração com o diretor), Spielberg passeia muito bem pelo solene sem deixar de lado o entretenimento e o humor nesse thriller sobre espionagem. Inspirado em fatos reais, o filme narra as negociações entre os EUA e a Rússia para a troca de espiões presos de ambos os lados.
Além do ótimo roteiro (co-escrito pelos irmãos Coen), um dos grandes méritos de “Ponte de Espiões” é apostar em uma tensão crescente sem apelar para um ritmo vertiginoso e edição acelerada. A tensão está no desenrolar da trama. Hanks, que imprime um tom humorado à sua atuação, é um plus a mais, construindo um personagem ético e honrado. Longe do Spielberg de estilo mais popular, o filme é o melhor do diretor em um bom tempo (talvez desde “Prenda-me se for Capaz”).