Amando ou odiando, não dá para ficar indiferente em relação à Saga Star Wars e ao impacto que a mitologia construída pela trilogia original causou no cinema. É essa mesma mitologia que sustentou o sucesso da bem menos interessante trilogia lançada nos anos 2000 e que serve de base para a nova trilogia que ganha vida no Episódio VII a ser lançado no final do ano (Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força).

Nunca tinha revisto a trilogia que funciona como prequel para a saga original. Se ela já ficou bem aquém das expectativas quando lançada, essa trilogia ainda envelheceu bem mal, principalmente os dois primeiros episódios. Nem mesmo o fato de terem sido produzidos em uma época de dominação dos efeitos digitais conseguiu deixar esses primeiros episódios menos datados, diferente dos originais, que mantiveram o charme.

Star Wars – Episódio I – A Ameaça Fantasma (1999) – Só mesmo a marca Star Wars para salvar esse filme do completo esquecimento. Dirigido como se fosse uma peça infantil por George Lucas, a primeira produção de prequel da saga original é ruim de doer, mal decupada e com um roteiro completamente desprovido de sentido. Os atores seguem a mesma linha e estão péssimos e/ou desconfortáveis (Natalie Portman, Liam Neeson e Ewan McGregor). O humor não funciona, e os efeitos envelheceram mal (algumas cenas mais parecem uma tela do Windows).

Anti-climático, nem mesmo as cenas de luta e/ou ação são eficientes e chamam a atenção. A maior prova de que o filme foi bem aquém do esperado foi ele ter passado longe do impacto causado pelo bem menos pretensioso e muito mais interessante “Matrix”, lançado alguns meses antes (o filme dos irmãos Wachowski, inclusive, “roubou” de Star Wars os três Oscar pelo qual a saga foi indicada: efeitos visuais, som e efeitos sonoros). Curiosidade: uma dos clones da Rainha Amidala é interpretada pela Keira Knightley.

Star Wars: Episódio II – O Ataque dos Clones – Apesar de ser um pouco melhor do que o Episódio I, a continuação de 2002 ainda sofre com uma direção e uma decupagem sofríveis, o que é inconcebível sem se tratando de um blockbuster de orçamento milionário. Os atores, no entanto, parecem mais à vontade também interagindo com efeitos especiais, principalmente Portman e McGregor.

Assim como no primeiro episódio, o longa se apóia demais nos efeitos visuais digitais, o que fez com que ele não envelhecesse bem, mas, mais uma vez, ele funciona melhor que o anterior, visual e narrativamente. Em alguns momentos, é quase possível sentir a empolgação despertada pelos originais, mas ela nunca realmente acontece. Curiosidade: a produção traz participações pequenas dos hoje bem mais conhecidos Rose Byrne (como companheira de viagem da Senadora Pamdé) e Joel Edgerton (como meio-irmão de Anakin).

Star Wars: Episódio III – A Vingaça dos Sith (2005) – Depois de dois filmes bastante irregulares, para não dizer ruins, George Lucas finalmente acerta com a conclusão da saga prequel que dá origem aos acontecimentos que marcam a trilogia original. Os efeitos digitais estão bem melhores, mas o mérito do sucesso do longa é mesmo de Lucas, que dirige com mais inspiração e amarra a contento a trama entre os dois primeiros episódios e os da trilogia original.

Dirigindo com uma pegada bem mais trágica, Lucas ainda acerta na dramaticidade, quase inexistente nos dois episódios anteriores. A cena da morte dos Jedi é emocionante e bem editada, e o nascimento do Darth Vader vale por toda a trilogia, fazendo a alegria de qualquer geek que se preze. Até Hayden Christensen, bem apático no segundo episódio, consegue se sair bem e empregar peso à sua interpretação de um Anakin Skywalker mais sombrio e que abraça o lado negro da Força.