Aliança do Crime – Falta peso ao novo filme do diretor Scott Cooper (“Tudo por Justiça”). O cineasta tem uma boa história e um elenco interessante, mas “Aliança do Crime” fica em cima do muro por pura falta de ousadia. Nas mãos de Martin Scorsese, a história do gângster de Boston (Johnny Depp), que vira o grande chefão da cidade ao ser encoberto por um agente do FBI (Joel Edgerton), seria um clássico. Com Cooper comandando a ação, a produção nunca se desenvolve a contento e é filmada sem o menor impacto ou ritmo. Baseado em uma história real, não há tensão ou mesmo drama, faltas graves em um longa sobre a máfia. E o final chega quase como um anticlímax, sem força ou pulso. Nem mesmo a interpretação de Depp se destaca. Vendida como uma volta do ator à boa forma, sua atuação não tem a menor sutileza e afunda em uma caracterização pesada, não se afastando muito de seus trabalhos exagerados nas últimas parcerias com Tim Burton. De todo o grande elenco (Kevin Bacon, Benedict Cumberbatch, Peter Sarsgaard, Adam Scott, Juno Temple, Dakota Johnson), quem se sai melhor é a pouco conhecida Julianne Nicholson, dona de uma das poucas cenas tensas e autênticas do longa.
Grandma – Alguns filmes parecem existir unicamente para seus atores brilhem. A dramédia indie “Grandma” poderia ser um desses exemplares, feitos para homenagear o talento da ótima Lily Tomlin. Mas a direção delicada e o roteiro esperto de Paul Weitz (“Um Grande Garoto”) não permite que o longa se limite a ser um mero star vehicle. Engraçado, doce e melancólico, o filme segue Tomlin em sua tentativa de ajudar a neta (Julia Garner) a fazer um aborto. Sem ficar em cima do muro, mas também sem querer levantar bandeiras, Weitz está mais preocupado em fazer um estudo da personagem de Tomlin, que precisa enfrentar alguns fantasmas do passado para ajudar a neta. O elenco ainda traz ótimas participações de Marcia Gay Harden, Sam Elliot, Judy Greer, Lervene Cox (“Orange is the New Black”) e Elizabeth Peña, em um de seus últimos papéis no cinema.
007 Contra Spectre – Eu nunca gostei dos filmes do 007. Sempre achei o humor da série equivocado e a abordagem da mesma sem relevância. Foi preciso o agente britânico “copiar” o estilo do espião norte-americano Jason Bourne para que seus filmes ganhassem importância. Com o viril Daniel Craig no papel de James Bond, a franquia se modernizou com uma edição mais ágil e uma representação mais real e passou a seguir uma inédita ordem cronológica entre os longas. “007 Contra Spectre”, o quarto filme da série depois do bem-vindo reboot, tenta amarrar todas as produções anteriores. O resultado passa longe da grandiosidade e profundidade de “Skyfall”, o filme mais redondo da série. Ainda assim, esse quarto longa é divertido e muito bem realizado por Sam Mendes, aqui repetindo o papel de diretor que também assumiu no anterior. Sem o peso emocional de “Skyfall”, Mendes se apoia no carisma de Craig e nas coreografias das ótimas cenas de ação para conquistar a audiência. Desperdiçando a presença de Monica Bellucci, a produção ganha pontos ao explorar pouco a canastrice de Christoph Waltz, repetindo aqui o seu eterno papel de vilão frio e cínico.