Maratona Rocky

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Em 1976, Sylvester Stallone era um semi-desconhecido que virou promessa graças ao sucesso de “Rocky: Um Lutador”. Depois de ser indicado ao Oscar (de melhor ator e roteiro), Stallone fez uma série de continuações de seu maior sucesso, virou herói de filmes de ação ruins e se tornou uma piada. Mas, para o bem e para o mal, Rocky (junto com Rambo) o transformou em um ícone do cinema e colocou Stallone no imaginário coletivo.

Entre altos e baixo, a série Rocky funciona quase como um paralelo à carreira de Stallone, inclusive mostrando de modo melancólico seu envelhecimento. Alguns dos filmes são mera desculpa para o ator reprisar o personagem em estruturas narrativas repetitivas e, às vezes, equivocadas. Já outros episódios refletem sobre o estado do cinema e do próprio esporte boxe.

Uma curiosidade: tirando o primeiro e o quinto, ambos de John G. Avildsen, todos os outros filmes são dirigidos por Stallone. Do segundo ao quinto, todas as produções começam mostrando cenas da luta final do episódio anterior.

Depois de seis filmes, alguns bem melhores do que a lembrança do público poderia imaginar, Sylvester Stallone interpreta mais uma vez o personagem no elogiado spin-off Creed.

Rocky: Um Lutador (1976) – Mais do que um filme sobre boxe, esse primeiro episódio da série (vencedor dos Oscar de melhor filme, direção e edição e indicado a ator, roteiro, entre outros) é sobre como um fracassado pode se tornar um vencedor. A produção funciona como uma síntese do sonho norte-americano ao mostrar um lutador fracassado (Rocky) que ganha a chance de lutar contra um campeão profissional (Apollo Creed). O longa foca menos na luta final e mais nas relações entre Rocky e seu treinador (Burgess Meredith), o amigo Paullie (Burt Young) e seu interesse romântico (Talia Shire), todos indicados ao Oscar.rocky-2

Rocky II: A Revanche (1979) – O filme começa mostrando uma edição da luta final do primeiro filme para logo em seguida centrar na revanche entre Rocky e Apollo (Carl Weathers). Mais interessado nas lutas e nos treinos de Rocky e seu oponente, o longa não tem o mesmo frescor do original e, apesar de não ser ruim, não foge muito do estereotipo de “filme de esporte”. Sem a originalidade e o contexto do anterior, o próprio personagem de Rocky perde o carisma, já mostrando as limitações de Stallone como ator.rocky-iii-560

Rocky III: O Desafio Supremo (1982) – Esse episódio pode ser resumido por uma das lutas do filme, uma exibição de caridade entre Rocky e Thunderlips (o lutador de luta livre Hulk Hogan). Mesmo sendo divertido, o filme é um pastiche dos dois anteriores. O “vilão” (o estreante Mr. T) não tem o menor carisma, e o longa é uma mera desculpa para Stallone retomar o personagem. É nesse episódio que a série entre em um looping eterno e monotemático entre Rocky se aposentar ou não. Ainda assim o filme é bem editado, principalmente nas montagens paralelas que mostram como os dois oponentes treinam.rocky4

Rocky IV (1985) – De longe, o pior da série. Talvez influenciado por seu personagem em Rambo, Stallone escreveu e dirigiu uma história ufanista de luta dos EUA contra a URSS que sintetiza toda a era Reagan. De um lado o coração de Rocky, do outro a máquina fria personificada pelo novato Dolph Lundgren. Maniqueísta de todas as formas, o filme ainda envelheceu mal graças a uma trilha sonora oitentista e um roteiro cheio de desvios desnecessários (o que é aquele robô???). Stallone e Talia Shire ainda estão em seus piores momentos na série.rocky v

Rocky V (1990) – Tentando emular o primeiro filme, Stallone chamou John G. Avildsen e o resultado é um tanto melancólico, mas não no bom sentido. A produção começa logo depois dos acontecimentos que marcam o quarto episódio e até aborda alguns pontos interessantes, como Rocky se tornar um treinador e a profissionalização do boxe enquanto esporte midiático. Mas o roteiro é preguiçoso, a direção de Avildsen é melodramática e os atores estão todos péssimos e deslocados. O drama aposenta-não aposenta de Rocky é cansativo, bem como o destaque que é dado ao seu filho.RockyBalboa2006

Rocky Balboa (2006) – Trinta anos após o lançamento de “Rocky: Um Lutador” e vários episódios equivocados e ruins depois, ninguém esperava nada dessa continuação temporã que mostra Rocky voltando aos ringues para enfrentar um campeão bem mais novo. Ainda que a trama não seja nada original, Stallone acerta ao dirigir o filme com um tom mais melancólico e tentando dar mais profundidade ao personagem (aqui já sem a esposa Adrian, morta em virtude de um câncer). O longa comete o mesmo erro de outros episódios ao mostrar cenas e mais cenas do passado, mas ele é, de longe, a produção mais honesta desde o filme original.

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