E Hollywood optou mesmo por se reverenciar no Oscar desse ano: o musical bonitinho, mas ordinário La La Land conseguiu 14 indicações ao mais importante prêmio do cinema, incluindo as principais categorias (filme, direção, ator, atriz e roteiro original) e as técnicas (fotografia, edição, direção de arte, figurino, trilha sonora, edição e mixagem de som e duas canções originais). O longa iguala o recorde de indicações de “A Malvada” e “Titanic”.
Isso indica que o filme deve levar vários Oscar e entrar para a extensa listas de longas que levaram o prêmio principal e não resistiram ao teste do tempo (“Shakespeare Apaixonado”, “Uma Mente Brilhante”, “Chicago”, “Crash” são alguns exemplos mais recentes).
A Academia de Artes Cinematográficas também decidiu dar uma reposta à hashtag #Oscarsowhite, que pipocou ano passado, indicando a melhor filme três produções protagonizadas por negros: “Cercas”, “Estrelas Além do Tempo” e “Moonligh”. Aliás, todas as categorias de atuação têm pelo menos um ator negro indicado.
Além de “La La Land”, “Cercas”, “Moonligh” e “Estrelas Além do Tempo”, também foram indicados ao prêmio de melhor filme o faroeste moderno “A Qualquer Custo”, a ótima ficção científica “A Chegada”, o filme de guerra “Até o Último Homem” e os dramas “Manchester à Beira-Mar” e “Lion – Uma Jornada para Casa”.
Entre os filmes que ficaram de fora na categoria principal, os elogiados “20th Century Women”, “Silêncio”, “Capitão Fantástico”, “Loving” e “Jackie”. A maravilhosa produção coreana “A Criada” também ficou de fora e foi completamente esnobada, não conseguindo indicações nas categorias Direção de Arte e Figurinos (os fracos “Passageiros” e “Aliados”, respectivamente, receberam indicação nessas categorias; assim como a spin-off da série Harry Potter, “Animais Fantásticos e Onde Habitam”, provando que a Academia gosta de mais do mesmo). Outro esnobado foi “Deadpool”. Apesar da forte campanha que gerou indicações a prêmios pelos Sindicatos dos Produtores, Diretores e Roteiristas, o filme ficou de fora e não recebeu nem a esperada indicação na categoria de Maquiagem.
Direção – A única surpresa nessa categoria foi a inclusão do ator/diretor Mel Gibson, pelo filme de guerra “Até o Último Homem”. As indicações de Denis Villeneuve (“A Chegada”), Damien Chazelle (“La La Land”), Kenneth Lonergan (“Manchester à Beira-Mar”) e Barry Jenkins (“Moonlight”) já eram esperadas. Esperava-se que os veteranos Martin Scorsese ou Clint Eastwood pudessem ser indicados, mas seus filmes “Silêncio” (fotografia) e “Sully” (edição de som), respectivamente, só receberam uma indicação cada.
Atores – Na categoria principal, nenhuma surpresa com a Academia indicando os mesmos protagonistas que já apareceram em outros prêmios: o favorito Casey Affleck (“Manchester à Beira-Mar”), Denzel Washington (“Cercas”), Ryan Gosling (“La La Land”), Andrew Garfiel (“Até o Último Homem”) e Viggo Mortensen, na única indicação do ótimo drama indie “Capitão Fantástico”.
Entre os coadjuvantes, a surpresa foi a exclusão de Hugh Grant, que carrega “Florence – Que Mulher é Essa?”, trocado por Michael Shannon (“Animais Noturnos”), que não tinha sido lembrado por nenhum grande prêmio. Os outros indicados são Jeff Bridges (“A Qualquer Custo”), Dev Patel (“Lion”), Lucas Hedges (“Manchester à Beira-Mar”) e o favorito Mahershala Ali (“Moonlight”).
Atrizes – O curioso caso de Meryl Street. A renomada atriz recebeu sua 20a. indicação por “Florence – Que Mulher é Essa?”. Apesar de estar bem no filme, sua personagem é quase coadjuvante e a grande estrela do longa é Hugh Grant. Aliás, várias das indicações da atriz são praticamente por osmose, em filmes ruins como “A Música do Coração”, “Álbum de Família” e “Caminhos da Floresta”.
Para indicar Meryl pela 20a vez, a Academia deixou de fora Amy Adams, que é coração de “A Chegada”. Annette Bening também ficou de fora pela elogiada atuação em “20th Century Women”. Além de Streep, foram indicadas Isabelle Huppert e Ruth Negga, as únicas indicações dos elogiados “Elle” e “Loving”, respectivamente, e as favoritas Emma Stone (“La La Land”) e Natalie Portman (“Jackie”).
Na categoria de coadjuvante, Viola Davis deve levar o seu primeiro Oscar por “Cercas”, mesmo com as várias críticas à sua campanha fraudulenta, já que muitos consideram o papel de protagonista e não coadjuvante. Naomi Harris (“Moonlight”), Nicole Kidman (“Lion”), Octavia Spencer (“Estrelas Além do Tempo”) e Michelle Williams (“Manchester à Beira-Mar”) são as atrizes que devem perdem para Davis. Como curiosidade, a categoria de atriz coadjuvante é a única a só ter atuações de filmes indicados também a melhor filme.