“Capitão Fantástico”, “20th Century Women”, “Silêncio”, “Elle”, “Loving” e “O Lagosta” estão entre alguns filmes muito elogiados que receberam apenas uma indicação ao Oscar 2017. Mas eles não estão sozinhos na lista de filmes maravilhosos que só receberam uma lembrança na premiação. Eles se justam a uma lista de clássicos modernos que também mereciam muito mais:
Trainspotting é o retrato de uma geração. O filme de Danny Boyle mescla atitude, edição de videoclipe e música para retratar uma juventude perdida para o consumismo e para as drogas na metade dos anos 1990. Hoje um clássico, o longa recebeu apenas uma indicação ao Oscar de roteiro adaptado pela brilhante transposição da obra de Irvine Welsh para a tela grande. Se uma indicação a melhor filme parece loucura, a produção merecia ter sido lembrada por sua direção, edição e, por que não e ator (um icônico Ewan McGregor). Será que a continuação temporã terá mais sorte?
David Fincher é um dos melhores diretores da atualidade, mas seus filmes, mesmo sendo obras-primas, não têm muita sorte com o Oscar e os dois trabalhos mais ousados do cineasta só receberam indicações pontuais ao Oscar: Seven – Os Sete Crimes Capitais levou uma indicação de melhor edição (merecia, no mínimo, fotografia e direção de arte); Clube da Luta recebeu um indicação de edição de efeitos sonoros (merecia filme, direção, edição, roteiro adaptado, ator e ator coadjuvante para Edward Norton e Brad Pitt e atriz coadjuvante para Helena Boham-Carter).
Drive ganhou o prêmio de melhor direção em Cannes e recebeu indicações ao BAFTA de melhor filme, direção, edição e atriz coadjuvante (Carey Mullighan). Mas o longa não teve tanta sorte no Oscar e ficou relegado a uma indicação de edição de som, apesar de merecer em categorias como direção (Nicholas Winding Refn), edição, fotografia e figurinos, só pela jaqueta clássica do personagem de Ryan Gosling.
É impressionante e triste que o maravilhoso trabalho de Ryan Coogler em Creed não tenha se convertido em uma penca de indicações ao Oscar. O spin-off da série Rocky merecia indicações a melhor filme, diretor (Coogler), ator (Michael B.Jordan), roteiro adaptado, edição e fotografia, mas só recebeu uma única menção de ator coadjuvante pela melancólica atuação de Sylvester Stallone.
Contato é uma das grandes ficções científicas, bebendo diretamente na vertente mais existencialista de “2001 – Uma Odisséia no Espaço”, mas nem a direção do recém-oscarizado Robert Zemeckis, em seu primeiro trabalho depois de “Forrest Gump”, chamou a atenção da Academia. Mesmo merecendo indicações a melhor filme, direção, atriz (Jodie Foster está em seu trabalho mais carismástico), roteiro adaptado, edição, fotografia e efeitos especiais, o longa só recebeu atenção pelo seu trabalho de som.
A categoria figurinos tem tradição de indicar filmes independente de suas críticas serem positivas ou negativas. Maria Antonieta, o ousado trabalho de Sofia Coppola, não agradou, mas levou uma indicação (e ganhou o prêmio por seus figurinos). Merecia, no mínimo, mais uma indicação pela corajosa atuação de Kirsten Dunst. Outro filme com uma atuação digna de prêmio (no caso, de Tilda Swinton), mas que só levou uma indicação de figurino é o belíssimo Um Sonho de Amor.
No campo das atuações, não é raro grandes filmes serem completamente esquecidos, a não ser por seus atores. Se esse ano Michael Shannon ganhou a única indicação do irregular “Animais Noturnos”, de Tom Ford, o primeiro e bem mais elaborado trabalho do diretor, Direito de Amar, só foi indicado para melhor ator (Colin Firth), mas merecia ser lembrado por sua fotografia, direção de arte, figurinos e trilha sonora. Já Edward Norton levou a única indicação do intenso A Outra História Americana (o ator também foi responsável pela única indicação, como coadjuvante, de As Duas Faces de um Crime).