“Aniquilação” não traz nenhuma novidade em termos de temática e estrutura. Aparentemente, é mais um filme de ficção científica em que um grupo de cientistas (aqui só mulheres) que tenta investigar um fenômeno e acaba morrendo um a um. Mas quem disse que uma produção cinematográfica que repete um filão não possa ser boa?
O cineasta Alex Garland (do ótimo “Ex-Machina”) pega uma premissa cansada e a transforma ao se preocupar mais com a atmosfera do que com o desenvolvimento da trama e ao explorar uma abordagem mais ambiciosa com uma pegada existencial e filosófica menos voltada para a ação.
Ainda que o longa tenha seus “monstros” e suspense, Garland prefere voltar seu olhar à forma como essas mulheres encaram a experiência de assumirem uma missão suicida em prol da ciência e em busca de respostas. Essas respostas nunca veem, nem para as personagens, nem para o público, o que torna o filme ainda mais interessante.
É compreensível então, ainda que lastimável, que a Paramount tenha vendido os direitos de exibição internacional da produção para a Netflix. “Aniquilação” não é um filme feito para o público médio que precisa de um começo, meio e fim tradicionais (tanto que o longa fracassou nas bilheterias dos EUA, único lugar onde foi lançado nos cinemas).
Com um ritmo mais lento e contemplativo, “Aniquilação” mistura ciência, física, biologia, filosofia e uma ótima Natalie Portman sem nunca esgotar os seus temas em uma trama que vai e vem no tempo e não se fecha.
“Aniquilação” exige assim que o espectador desapegue um pouco de convenções narrativas, mas o recompensa com um ótimo exercício de estilo e com um belo visual, com destaque para a fotografia e os efeitos que nunca se sobressaem à trama, característica bem comum das superproduções atuais.