Michelle Pfeiffer: 60 anos em 6 filmes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Com quase 40 anos de carreira (a primeira aparição dela como atriz foi em uma série de TV em 1979), Michelle Pfeiffer completa 60 anos neste 29 de abril como uma das maiores estrelas viva de Hollywood. Apesar de, atualmente, ela não ser tão conhecida pelas novas gerações, Pfeiffer foi um dos maiores nomes do cinema na virada da década de 1980 para os anos 1990.

Nessa época, Michelle Pfeiffer conseguiu o feito de ser indicada seis vezes seguidas para o Globo de Ouro por suas atuações em “De Caso com a Máfia”, “Susie e os Baker Boys”, “A Casa da Rússia”, “Frankie & Johnny”, “Love Field” e “A Época da Inocência”. Ainda recebeu três indicações ao Oscar, vários prêmios da crítica por “Susie e os Baker Boys” e o Urso de Prata de melhor atriz em Berlim por “Love Field”.

Ela ainda contracenou com praticamente todos os maiores atores do cinema dos anos 1980/1990/2000 (Al Pacino, Robert de Niro, Harrison Ford, Sean Penn, Jeff Bridges, Daniel Day Lewis, George Clooney, Robert Redford, Jack Nicholson), deixando sua marca no cinema.

Da cena icônica em que ela canta no piano em “Susie e os Baker Boys”, passando por sua belíssima primeira aparição em “O Feitiço de Áquila” e ao miado mais sexy do cinema em “Batman, O Retorno”, a atriz fez praticamente tudo: suspense (“Revelação”), dramas de época (“Chéri”), comédias românticas (“Frankie & Johnny”, “Um Dia Especial”), vozes em animações (“O Príncipe do Egito” e “Sinbad: A Lenda dos Sete Mares”), musicais (“Hairspray”) e fantasias (“O Feitiço de Áquila”, “As Bruxas de Eastwick” e “Stardust”).

Eis então os seis filmes mais marcantes de sua carreira (pra mim):

Scarface (1983)

Dirigido por Brian DePalma com roteiro do ainda desconhecido Oliver Stone, “Scarface” é o primeiro grande filme de Michelle Pfeiffer. No longa, a atriz interpreta a garota de um chefão do tráfico que desperta o interesse do traficante em ascensão vivido por Al Pacino. O filme é bastante violento e um tanto datado para os dias de hoje, e Pfeiffer passa longe de ser uma presença constante em todo o longa, apesar de suas quase três horas. Mas a atriz tem uma participação marcante e consegue se sair bem mesmo com o já veterano Pacino (que está à beira do overacting). Curiosidade: o visual de Elvira, a personagem de Pfeiffer, serviu de inspiração para Jessica Chanstan em “O Ano Mais Violento” (2014), cuja trama se passa no início dos anos 1980. E Rihanna também já disse em entrevistas que acha a personagem inspiradora.

As Bruxas de Eastwick (1987)

Esse filme maravilhoso dirigido pelo australiano George Miller é o tipo de produção que Hollywood desaprendeu a fazer com o tempo. Divertidíssimo e tocando em assuntos ainda atuais (machismo e moralismo) de forma bem contundente, o longa reúne também o melhor elenco feminino que você poderia querer nos anos 1980: Cher, Susan Sarandon e Michelle Pfeiffer exalando carisma. De quebra, ainda temos um Jack Nicholson endemoniado todo trabalhado no overacting e uma trilha sonora ótima (e que funciona até hoje, coisa rara em filmes dos anos 1980) de John Williams. O elenco ainda conta com Richard Jenkins e Veronica Cartwright.

Ligações Perigosas (1988)

Depois de apareceu em uma série de filmes com bons diretores como a comédia “Uma Romance Perigoso”, de John Landis; e o romance de fantasia “O Feitiço de Áquila”, de Richard Donner, Pfeiffer estourou de vez em 1988 na comédia “De Caso com a Máfia” e no policial noir “Conspiração Tequila”). Ela ainda brilhou nessa adaptação literária comandada por Stephen Frears. “Ligações Perigosas” recebeu sete indicações ao Oscar, entre elas uma de atriz coadjuvante para Michelle Pfeiffer, que interpreta uma mulher casta apanhada em um jogo de sedução, chantagem e mentiras envolvendo os personagens de John Malkovich e Glenn Close (perfeita). Além do elenco soberbo, a encenação luxuosa reforça a acidez de um texto que expõe a falsidade moral, a crueldade e a vaidade de uma sociedade envolta em riqueza, mas fadada à hipocrisia.

Susie e os Baker Boys (1989)

Com exceção do Bafta e do Oscar, Michelle Pfeiffer ganhou praticamente todos os prêmios por esse filme em que interpreta uma cantora que muda a rotina de dois irmãos pianistas (Jeff Bridges e Beau Bridges) graças à sua voz de veludo e sua postura independente e sexy. A icônica cena de Pfeiffer cantando com um vestido vermelho em cima de um piano virou símbolo do filme e alçou a atriz de vez ao estrelato. Sensual e envolvente, Pfeiffer consegue se sobressair e deixar sua marca mesmo com o roteiro do diretor Steve Kloves limitando à existência da personagem ao seu trabalho com a dupla de músicos.  

Batman, O Retorno (1992)

Batman, O Retorno” está bem longe de ser um filme de super-heróis como os atuais. Mas em 1992, quando ninguém imaginavam que o gênero viraria uma febre e Tim Burton ainda era um grande diretor, o cineasta entregou uma das melhores adaptações dos quadrinhos, um filme sombrio que respeitava as personagens e estava mais preocupado com a ambientação do que com a ação. Ainda que o ritmo seja bem diferente das produções atuais e o roteiro tenha vários furos (a trama do vilão Pinguim é bem chatinha), essa continuação do sucesso de 1989 é mais grandiloquente e tem Michelle Pfeiffer como uma das melhores vilãs de uma adaptação de HQ. Misturando sensualidade e ingenuidade, a atriz entrega uma Mulher-Gato perfeita e que rouba a cena com diálogos inspirados em que a personagem usa e abusa das referências sexuais e das relações entre homens e mulheres.

A Época da Inocência (1993)

Nesse filme de época belíssimo dirigido por Martin Scorsese, Michelle Pfeiffer interpreta uma mulher divorciada e mal vista pela rígida sociedade novaiorquina do final do século XIX. No filme adaptado do romance de Edith Wharton, Pfeiffer acaba se envolvendo com um advogado tradicionalista (Daniel Day-Lewis), noivo de sua prima (Winona Ryder, a única integrante de um elenco dos sonhos a ser indicada ao Oscar). Scorsese usa os belíssimos créditos de abertura desenhados pelo Saul Bass, a narração impecável e quase literária de Joanne Woodward e a delicadeza da encenação proporcionada pela direção de arte e figurinos suntuosos para criar um retrato cruel de uma sociedade refém das aparências em um de seus melhores e mais subestimados trabalhos. O longa ainda marca o fim de uma era para Pfeiffer, que passou a fazer filmes menores e aquém do seu talento.  

Bônus: Chéri (2009)

Depois de anos perdida em uma filmografia irrelevante de filmes ruins e/ou poucos vistos e como coadjuvante em grandes produções, Michelle Pfeiffer voltou a ser protagonista nesse drama de época adaptado do livro homônimo de Colette. Com direção de Stephen Frears e roteiro de Christopher Hampton, dupla responsável por “Ligações Perigosas”, o longa nunca faz jus à beleza e talento de Pfeiffer. Em meio a uma ótima trilha sonora e direção de arte e figurinos deslumbrantes, Michelle interpreta uma rica cortesã que acaba se apaixonando pelo filho bem mais novo de sua amiga/concorrente (uma irritante Kathy Bates). A direção não se decide entre a comédia e o drama, e o roteiro falha no desenvolvimento da trama e das personagens, mas Pfeiffer carrega o filme e entrega um close final corajoso em que mostra as imperfeições e o envelhecimento de um dos rostos mais bonitos do cinema.

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