Seja correndo de um alienígena ou como uma mulher amedrontada pela agorafobia, seja como o par romântico de Mel Gibson em meio à eminência de guerra civil ou como uma executiva megera, Sigourney Weaver sempre é um dos melhores elementos dos filmes que participa.
Ao longo de 40 anos de carreira, a atriz virou o símbolo máximo da mulher como heroína em filmes de ação e emprestou seu talento para diversos diretores usarem seu carisma, rosto anguloso e voz aveludada em vários gêneros: comédia, drama, ficção científica, suspense e terror. De Ridley Scott a Ang Lee, de James Cameron a Roman Polanski, todos exploraram a imagem forte de Sigourney Weaver (que ainda é dona do nome mais lindo do mundo).
Com três indicações ao Oscar (como melhor atriz em “Alien, O Regaste” e “Nas Montanhas dos Gorilas” e atriz coadjuvante em “Uma Secretária de Futuro”), a atriz completa 70 anos em 2019 e está pronta para voltar à mídia nos próximos anos com as trocentas continuações de “Avatar” e em “Os Caça-Fantasmas 2020”.
Outros filmes: A comédia “Dave – Presidente por um Dia“, em que ela vive a primeira-dama dos Estados Unidos; os dois “Os Caça-Fantasmas“; a comédia “Heróis Fora de Órbita“; o drama “O Mapa do Mundo“, que lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro de melhor atriz em drama; os filmes de terror “A Vila” e “O Segredo da Cabana” e o sucesso de bilheteria “Avatar“.
– Série Alien (1979, 1986, 1992, 1997) – Alien é a minha série cinematográfica preferida. A presença da Sigourney Weaver é um dos motivos, inclusive é bacana acompanhar o amadurecimento físico e emocional da atriz ao longo dos filmes. Mistura de ficção científica e terror, a série tem quatro longas dirigidos por cineastas completamente diferentes. O resultado é irregular, mas cada episódio tem uma assinatura visual distinta e apresenta uma abordagem bastante peculiar. Apesar de o primeiro ser um clássico e o segundo um belo exercício de ação, fica difícil escolher apenas uma produção, ainda mais com Weaver dando o melhor de si em cada uma delas.
– O Ano em que Vivemos em Perigo (1982) – Um dos grandes cineastas modernos, Peter Weir se divide aqui em fazer um filme político sobre a situação de exploração da Indonésia e entregar um romance entre Mel Gibson e Sigourney Weaver, ambos no auge da beleza. A indecisão do cineasta tira um pouco da contundência da história, em que Mel Gibson vive um jornalista recém-chegado à Indonésia para cobrir o cenário político do país e que acaba se apaixonando pela diplomata vivida por Weaver, mas o filme é envolvente e interessante. Lançado no começo dos anos 1980, o longa ficou esquecido no tempo, mas mostra uma boa química entre Gibson e Weaver, ambos ainda em começo de carreira.
– Nas Montanhas dos Gorilas (1988) – Sigourney Weaver vive Dian Fossey nessa cinebiografia correta sobre a zoóloga que ficou famosa graças a fotos em que aparece interagindo com gorilas. O filme não foge muito da abordagem de denúncia, mostrando Dian brigando com as autoridades de Ruanda por não protegerem devidamente os gorilas. O forte da produção é mesmo a atuação carismática e envolvente de Weaver, que mimetiza os movimentos dos gorilas e demonstra a paixão de Fossey pelos animais. O longa envelheceu um pouco, principalmente sua trilha sonora oitentista que hoje soa datada, mas a atriz está realmente ótima, justificando sua indicação ao Oscar.
– Uma Secretária de Futuro (1988) – Um desses raros exemplares que consegue ser relevante e puro entretenimento, o filme traz elementos de “Wall Street” e antecipa em quase 20 anos a atmosfera de “O Diabo Veste Prada”. O roteiro é um tanto esquemático, mas a direção de Mike Nichols e o elenco que exala carisma transformaram o longa em um clássico que representa a essência dos anos 1980, seja pela ganância dos personagens, seja pelos figurinos e penteados exagerados da época. O filme é de Melanie Griffith, que mescla muito bem ingenuidade, sensualidade e ambição, mas Harrison Ford esbanja charme e Sigourney Weaver se diverte horrores fazendo a chefe sonsa.
– A Morte e a Donzela (1994) – A princípio, a imagem hollywoodiana de Sigourney Weaver não combina com a da personagem, uma latino-americana que sofreu tortura durante a ditadura militar de um país não especificado da América do Sul. Mas a atriz consegue mostrar a fragilidade e fúria da personagem, que tem a chance de se vingar de seu torturador nesse longa dirigido sem muita sutileza por Roman Polanski. Se o filme não consegue se libertar muito da origem teatral (é baseado em uma peça), pelo menos o diretor sabe usar o texto e o talento dos atores para discutir trauma, medo, ódio e desejo de vingança.
– Copycat (1995) – Lançado no mesmo ano que “Seven”, o longa acabou sendo ofuscado, mas tem o seu charme. Ainda que tenha envelhecido (principalmente em termos de figurino) e não fuja muito da fórmula estabelecida pelo subgênero de produções sobre serial killers, a premissa é interessante o suficiente para prender a atenção (serial killer copia outros serial killers) e a dupla de protagonistas (Sigourney Weaver e Holly Hunter) se empenha em suas atuações. Às vezes, a direção de Jon Amiel parece frouxa (principalmente em algumas cenas de ação), mas o suspense funciona e não faz vergonha. Destaque: a química entre Weaver e Hunter.
– Tempestade de Gelo (1997) – Apesar de ter não ter tido o mesmo respaldo de outros de seus trabalhos, esse é o meu filme preferido do Ang Lee. O diretor começa usando uma HQ do Quarteto Fantástico para fazer um paralelo com a história de duas famílias vizinhas em um típico subúrbio norte-americano nos anos 1970. Com um elenco maravilhoso, com destaque para Sigourney Weaver, o filme discute o american way of life, política, descobertas sexuais, crise no casamento, traição e paixões adolescentes. A ambientação é gélida, contida e muito pouco é dito por meio de palavras, mas tudo está subentendido nos olhares, gestos e posturas dos personagens.