A série Pânico: uma revisão

Graças a múltiplas continuações que ninguém mais levava a sério, os slahers estavam praticamente enterrados quando Wes Craven reavivou o subgênero com o sucesso de “Pânico”. Com um roteiro esperto que usava a própria mitologia dos filmes de terror como mote, o cineasta fez uma releitura desse tipo de produção por meio de uma abordagem metalinguística costurando a trama com várias referências cinematográficas e fazendo um comentário social e estético sobre o gênero, do formato desse tipo de filme a forma como eles tratam personagens femininas, negros e gays.

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Sem parecer pretensioso, Craven misturou terror com comédia e lançou um dos maiores sucessos de 1996, com direito a pelo menos uma cena icônica: o início do longa com participação de Drew Barrymore. Um ano depois, o filme ganhou uma continuação que, mais uma vez, trazia referências e usava como mote as próprias sequências dos slashers.

O resultado não é tão emblemático quanto o original, às vezes, intencionalmente ou não, parecendo apenas uma cópia do original, que já era, na verdade, uma colagem de vários outros filmes. Apesar de não ter ficado na memória como o longa de 1996, a continuação abriu a possibilidade para outras sequências que, de tempos em tempos (a mais recente, depois de mais de dez anos da última continuação, estreia agora nos cinemas), regurgitam a fórmula criada pelo roteirista Kevin Williamson e pelo diretor Wes Craven.

A partir do terceiro episódio, a franquia Pânico perdeu um pouco de sua força, não se diferenciando muito dos próprios filmes que critica ao se apegar demais à sua fórmula, com os personagens presos em um looping temporal fadados a repetir seus destinos.

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Ainda assim a franquia tem seu valor, seja por não se levar a sério (as cenas de matança, por exemplo, estão mais para o pastelão), seja por sua tentativa de transformar tramas nada originais em algo mais ao reconfigurar características dos slashers (a mocinha do primeiro se torna a grande heróina da série) e fazer comentários sociais que atualizam a trama (o quarto gira em torno da obsessão pela fama).

Pânico (1996) – De longe, é o melhor da franquia. A cena com Drew Barrymore é a mais icônica da série e é uma ótima maneira de começar um filme de terror. O final é um tanto bagunçado e as cenas de matança estão mais para o pastelão do que para o suspense, mas tudo é intencional.

Pânico 2 (1997) – Fazendo piada com as continuações dos slashers, o filme é quase uma cópia do original. O longa também brinca com a questão da violência do cinema, usando como mote uma versão cinematográfica dos acontecimentos do primeiro filme, com Heaher Graham interpretando Drew Barrymore. A abertura com Jada Pinkett Smith também tenta recriar a cena inicial do original, mas sem o mesmo frescor. Mas a produção é bem divertida.

Pânico 3 (2000) – O terceiro episódio da franquia segue com a estratégia da metalinguagem, com os assassinatos acontecendo nos bastidores da produção do novo “Stab”, o filme dentro dos filmes. Apesar de seguir sendo divertido, a fórmula aqui começa a ficar um pouco cansativa, ainda mais com a forçação do roteiro em relação ao(s) assassino(s).

Pânico 4 (2011) – Olhando em retrospecto, esse quarto episódio transforma a franquia em uma grande reflexão sobre uma família disfuncional com parentes que se odeiam, quase como uma versão macabra dos filmes sobre reunião familiar. O longa ainda usa como pano de fundo a questão da busca obcecada pela fama, mostrando-se atual (para a época) e fazendo piada ainda com o fato de ninguém mais usar telefone (um elemento-chave da franquia) para fazer ligações. Apegado demais à própria fórmula da série, o episódio, porém, parece um pastiche de tudo que os outros filmes já mostraram.

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