Nada em O Exterminador do Futuro: Gênesis funciona. O filme é uma grande tragédia que traz um erro atrás do outro. O longa é um dos melhores exemplos de tudo que Hollywood faz de errado atualmente: marketing excessivo que detalha cada passo da produção; exploração equivocada de mitologias do passado em remakes, reboot ou continuações desnecessárias; filmes hiperbólicos e genéricos afundados em efeitos e por aí vai.
Depois de dois ótimos filmes que, cada um a seu modo, revolucionaram o cinema de ação e os efeitos especiais, a franquia criada por James Cameron foi destruída pelo maquinário hollywoodiano em outros dois longas bem fracos. Não satisfeita, Hollywood chafurda a série ainda mais na lama e o que resta ao público é esse longa que tenta reavivar a franquia da pior forma possível.
O filme já começou errado na própria divulgação, com teasers e trailers que entregavam a história sem a menor cerimônia: John Connor é o vilão. O roteiro vai na onda equivocada e passa como um trator sem pena sob o conceito original criado por Cameron. E o novo elenco não tem carisma nenhum para assumir papéis tão icônicos e presentes no imaginário do público.
De certa forma, “O Exterminador do Futuro: Gênesis” segue os passos de “Jurassic World”, tentando ressurgir uma série das cinzas ao homenagear o primeiro filme. Aqui a estratégia é mais óbvia ao simplesmente repetir quadro a quadro algumas cenas clássicas do primeiro filme, agora reencenadas em uma nova linha temporal criada para dar sentido a uma continuação/reboot que não faz sentido nenhum.
O tiro, no entanto, sai pela culatra e, ao invés de pagar um tributo ao longa original, esse aqui vira um pastiche de tudo que a série já apresentou. Entre a sensação de familiaridade e a obrigação de apresentar novos elementos à trama, o longa se perde completamente em um roteiro que atira para todos os lados e não acerta em nenhum.
Seja porque a ideia de uma nova linha temporal em que John Connor é o vilão é realmente infeliz ou porque os efeitos não trazem nada de novo (o T-1000 de cristal liquido é super déjà vu), “O Exterminador do Futuro: Gênesis” se transforma em um desses blockbusters genéricos que passam longe de qualquer criatividade e ousadia.
Chega a ser melancólico ver Arnold Schwarzenegger reprisando seu principal papel, interpretando mais um T-800 enviado ao passado para evitar uma mudança no futuro. O problema é menos o fato do ator estar velho para o papel e mais porque, aqui, nada ajuda: o roteiro, o humor rasteiro, a falta de carisma do resto do elenco, as cenas de ação sem a menor personalidade…
Ao lado dele, temos uma péssima Emilia Clarke provando que só funciona mesmo em “Game of Thrones”. A atriz é claramente baixinha (mesmo na tela grande que disfarça a estatura) e nem de longe captura a essência da personagem tão bem vivida pela Linda Hamilton. O desconhecido Jai Courtney também não diz a que veio (interpretando Kyle Reese, o pai de John Connor) e poderia ser substituído por qualquer outro ator que ninguém notaria.
Mas o pior fica mesmo com Jason Clarke assumindo o lado negro do John Connor. Além da péssima maquiagem, o ator nem mesmo tem o perfil físico dos outros atores que interpretaram antes o personagem (Edward Furlong e Christian Bale têm cabelos e olhos castanhos; Clarke está mais para loiro e tem os olhos super azuis). Enfim, é muito desrespeito e desvalorização da própria trajetória da série.
Ao julgar pelo mau desempenho dos terceiro e quarto filmes, do fracasso da série sobre Sarah Connor e da displicência desse aqui, o melhor mesmo é Hollywood assumir que transformou a série em obsoleta.