WeCrashed

O terceiro episódio da minissérie “WeCrashed” deixa um pouco de lado o protagonista vivido por Jared Leto e foca em sua esposa, interpretada por Anne Hathaway. A escolha parece tirar um pouco o foco da trama que narra a ascensão e a queda de uma startup, mas acaba fazendo todo o sentido porque o nascimento e a quase falência do unicórnio WeWork está diretamente relacionado ao casamento entre Adam e Rebekah Neumann.

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Imigrante, Adam Neumann tem uma obsessão na vida: vencer. Pulando de ideia em ideia fracassada, o empreendedor ganha um aliado e sócio, o arquiteto Miguel, depois de mais um pitch malsucedido. É a partir da amizade e parceria entre os dois que nasce a WeWork, uma empresa de co-working que quer mudar o conceito de trabalho.

Seguindo toda a filosofia de outras grandes startups, da preocupação com o meio-ambiente à ideia de transformar o trabalho em uma espécie de culto, a empresa floresce e cresce querendo “elevar a consciência do mundo”, slogan criado pela esposa de Adam. Nem tudo, no entanto, são flores e, assim como no recente “The Dropout“, o que era um pote de ouro esconde fraudes e comportamentos abusivos, com os donos da empresa enganando investidores e pagando mal funcionários enquanto acumulam uma renda milionária.

Também inspirado em uma trama real que abalou o mundo financeiro, da mesma forma que “The Dropout“, “Inventando Anna” e “Super Pumped: The Battle for Uber“, o maior mérito de “WeCrashed” é descortinar a falácia de uma ideia pueril de que trabalho e sucesso estão diretamente relacionados. Adam Neumann, por exemplo, tem várias ideias (boas e ruins), mas a minissérie mostra que poucas vezes ele colocava a mão na massa em sua empresa, o que fica ainda mais evidente na relação entre ele e o sócio, visto como um coadjuvante na história da empresa, apesar de ser e estar bem mais comprometido no trabalho do que Adam.

No meio de um falso bom mocismo e de uma narrativa que explora os métodos pouco convencionais de Adam e Rebekah à frente da WeWork, Jared Leto e Anne Hathaway são o centro das atenções da minissérie. Os dois parecem entender perfeitamente seus personagens reais, reproduzindo seus trejeitos e afetações sem cair na caricatura.

Leto, por exemplo, capricha no sotaque, na atitude autocentrada e no poder de convencimento de Adam. Já Hathaway carrega no tom professoral da personagem, uma multimilionária frustrada que quer elevar a consciência do mundo, mas não se importa em demitir um funcionário só porque ele está falando um pouco mais alto. Uma das melhores cenas da minissérie é aquela em que uma das funcionárias demitidas pela prima da Gwyneth Paltrow joga umas verdades na cara da personagem.

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Bem dirigida, editada e envolvente, prendendo a atenção do espectador ao longo dos seus oito episódios, “WeCrashed” pode não ir à fundo na lama corporativa como “The Dropout” faz, mas a minissérie não tenta romantizar o mundo das startups e do capitalismo selvagem que usa termos como unicórnio e incentiva os funcionários a amarem as segundas-feiras para disfarçar relações de exploração.

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