“Mais uma rodada” começa com um grupo de jovens inconsequentes bebendo e fazendo a festa. Logo em seguida, o filme foca na rotina de um grupo de professores de meia-idade descontente com a vida. De início, Thomas Vinterberg já estabelece um contraponto entre a alegria e a celebração desses jovens bêbados e o constrangimento e o patético de um grupo de adultos que encontra no álcool uma saída para a apatia.
A partir de um jantar de aniversário e de uma conversa sobre um filósofo que acredita que o sangue humano tem uma pequena deficiência de álcool, esses quatro amigos decidem fazer um experimento: como eles se sairiam realizando as tarefas do dia-a-dia impulsionados por um pouco de álcool. Claro que o experimento foge ao controle dos quatro e a vida deles derrapa de alguma forma graças ao aumento da quantidade de álcool ingerida por eles.
É a dicotomia entre o êxtase e a ressaca física e moral que forma a base desse drama dinamarquês que é um dos favoritos para levar o Oscar de melhor filme internacional. Enquanto levanta uma série de questões sobre as responsabilidades da vida adulta e como o alcoolismo ainda é tratado como tabu, o longa entrega ótimas atuações de seu elenco, em especial um visceral Mads Mikkelsen (“A Caça”).
Dirigido com vigor por Vinterberg (“Festa de Família”, “A Caça”), o filme foge do caminho traçado por um “Despedida em Las Vegas”, por exemplo, onde um Nicolas Cage decide beber até morrer, e adota um tom bem menos moralista em relação ao consumo de álcool, ainda que não tape os olhos para as consequências e o vexame que esse mesmo consumo exagerado pode causar. No fim, o filme termina como começou, como um delírio, para o bem e para o mal, regado a muito álcool.
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