
O cinema de ficção científica é obcecado pela questão da memória. De “Blade Runner” a “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”, de “Estranhos Prazeres” a “Black Mirror”, o gênero sempre usa a memória como mote, seja como forma de identificação humana, seja para mostrar o apego da humanidade ao passado.
Esse é um dos problemas de “Caminhos da Memória”, uma sci-fi com cara de filme noir que parece um arremedo de várias outras produções melhores do que ela.
Dirigido e roteirizado por Lisa Joy (produtora da série “Westworld”), “Caminhos da Memória” quer ser muito mais inteligente do que realmente é, mas o ar de seriedade do filme e a mão pesada da diretora reforçam todos os erros do longa, do texto cafona às reviravoltas previsíveis. O filme atira ainda para todos os lados, ora querendo ser um romance, ora um suspense de ação, mas não funcionando bem como nenhum deles.

Hugh Jackman vive um ex-militar que trabalha em uma espécie de laboratório onde qualquer pessoa pode entrar para relembrar momentos específicos. Logo no início do filme, ele cruza o caminho de uma cantora sensual, vivida por Rebecca Ferguson. Como uma femme fatale de um filme noir, claro que ela não é quem parece ser, jogando o personagem de Jackman em uma trama que envolve drogas, corrupção, morte e sequestro.
Ambientado em um futuro onde Miami está praticamente submersa, “Caminhos da Memória” tem uma boa direção de arte e efeitos especiais. Mas, por mais bem filmado que o longa seja, convenhamos, algo de praxe no cinema norte-americano, a trama é mal conduzida demais para salvar o filme do esquecimento.
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