
Basta ver “Holy Motors” para saber que Leos Carax não faz filmes convencionais. O musical épico-operístico “Annette”, para o bem e para o mal, segue a linha do cinema do diretor francês. Longo, cafona, ora melodramático, ora destrambelhado, o filme é uma experiência cheia de altos e baixos tendo o ator Adam Driver como centro das atenções.
Driver vive um comediante sombrio que se apaixona, casa e tem uma filha com uma cantora de ópera acostumada a morrer em cena vivida por Marion Cotillard. Da paixão aos problemas é um pulo, com a produção atirando para todos os lados e virando uma sátira sobre a fama e a mídia, exploração infantil e masculinidade tóxica.
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Nem tudo funciona na jornada pretensiosa criada por Carax. O filme começa bem, mas logo sai dos trilhos com a história perdendo a força e se estendendo mais do que o necessário. Às vezes, a encenação afetada salva o longa graças às belas imagens e cenas marcantes construídas pelo diretor.

Carax pega o musical, um gênero que já deixa de lado as regras do real, e descarta ainda mais a ideia de realismo tão cara ao cinema. Da abertura ao final que expõe o fato de “Annette” ser um filme passando pelo uso de uma marionete para representar um bebê, até às músicas dissonantes e mal cantadas que não chegam nem a ser canções, tudo no longa é e quer ser falso.
Cheio de ideias que nem sempre dão certo ou fazem sentido, “Annette” é estranho, interessante, decepcionante, arrastado e tedioso ao mesmo tempo. No geral, mesmo sendo realmente uma experiência, o longa morre na praia das produções que poderiam ter sido um grande filme. “Annette” estreou no Prime Vídeo nos Estados Unidos, mas no Brasil só estreia em novembro no Mubi.
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