
Desde o sucesso de “Rocky, Um Lutador” que o boxe (e suas variantes) se transformou no esporte preferido do cinema, quase sempre sendo explorado por meio de uma história de superação e redenção. Esse “Ferida“, estreia de Halle Berry na direção em uma produção da Netflix, não foge à regra batendo em todas as teclas de uma fórmula para lá de desgastada.
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A atriz vive uma lutadora de UFC que joga a carreira no lixo depois de fugir no meio de uma luta. Depois de anos afastada dos ringues, ela volta às lutas depois que seu filho de seis anos é deixado na porta da sua casa após a morte do pai. E é isso, nada no filme é novidade ou apresentado sob uma ótica diferente, do treinamento à relação da lutadora com a criança desconfiada. Nem mesmo o fato do longa ser protagonizado por uma mulher (uma perspectiva feminina para um universo de homens) é novidade, já que “Boa de Briga” e “Menina de Ouro” existem há tempos.
Uma falha do longa, por exemplo, é se apressar demais em apresentar as personagens, não deixando muito espaço para que elas sejam desenvolvidas propriamente ou mesmo despertem empatia no público. Com 130 minutos de duração, Halle Berry corre para entregar tudo de cara ao espectador enquanto o resto do filme passa sem grandes acontecimentos até a esperada luta que levará a personagem à típica e esperada redenção.

Outro problema é que o roteiro insiste em retratar a personagem de Berry (Jackie Justice) como uma vítima de tudo e de todos, do namorado abusivo à mãe problemática, do filho que se recusa a falar com ela a, inclusive, seu comportamento de autossabotagem. Mas o longa segue caminhos tão clichês e óbvios que fica difícil de se engajar nessa jornada de autocomiseração.
Ainda assim, “Ferida” não é necessariamente um filme ruim. Halle Berry (que não é realmente uma boa atriz) faz o que pode com o papel, inclusive se entregando fisicamente à personagem. Mas a direção da própria atriz não ajuda, ainda que ela consiga empregar ritmo ao longa e construir algumas boas cenas.
Antes de seu lançamento, “Ferida” era visto como a grande volta de Halle Berry, que poderia ser indicada novamente ao Oscar depois de ter feito história como a única negra a ganhar o prêmio de melhor atriz. A construção dessa narrativa de marketing é realmente boa, mas em meio a um mar de conteúdo e todo um histórico de filmes parecidos, “Ferida” vira apenas mais uma produção sobre boxe/UFC, bem longe de ser realmente marcante como “Rocky” ou o mais recente “Creed”.
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