
Quase dois anos depois da estreia da primeira temporada, “Desalma” ganhou uma nova leva de episódios que dão uma sobrevida à série original da Globoplay. Basicamente com os mesmos personagens e ainda explorando a mesma trama da temporada passada, o programa segue tentando dar um sentido à história que envolve uma família de bruxas e a família mais rica da cidade Brígida, no interior do Sul do país.
Acompanhe Esse Filme que Passou Foi Bom também no Instagram
Ainda se dividindo em linhas temporais do passado e do presente, a segunda temporada da série ganha pontos por já ter a trama estabelecida, o que adianta a vida do espectador em se envolver na história sobre possessão de corpos por mortos, bruxaria e dramas familiares. Começando pouco depois do fim da primeira temporada, os novos episódios focam em alguns ganchos deixados pelos capítulos anteriores, como a possessão da garota Melissa por Halyna (filha da bruxa vivida por Cássia Kiss e morta na primeira linha temporal da temporada passada) e de Boris por Roman.
Mas se a segunda temporada acerta em explorar assuntos já apresentados ao público, facilitando o envolvimento do mesmo, o programa segue com as mesmas falhas do passado. A encenação segue dura, forçada e excessivamente se levando a sério demais, com diálogos sofríveis e escolhas do roteiro que não fazem o menor sentido. Vários personagens, por exemplo, estão cientes de que duas pessoas da comunidade estão possuídas, mas continuam levando uma vida aparentemente normal, o que não convence.

Leia também: Desalma – Primeira Temporada
Se o roteiro amador e a direção pretensiosa minam as possibilidades de “Desalma”, os atores tentam a todo custo atribuir algum tipo de verdade a seus personagens. Infelizmente, poucos conseguem. Cássia Kiss é a que se sai melhor como a bruxa Haia. Cláudia Abreu, uma das melhores atrizes brasileiras, se esforça, mas várias vezes derrapa nos diálogos ou nas cenas sem sentido. Em um de seus melhores momentos, a atriz chora pelo filho e parece clamar por falas coerentes e uma melhor dramaturgia.
Antes focada nos anos de 1988, quando a garota é assassinada, e 2019, quando o plano de vingança da Haia é colocado em prática, a segunda temporada acrescenta uma nova linha temporal que se passa em 1995, tanto em Brígida quanto em Kiev, na Ucrânia. Mas a estratégia parece desviar a história de seu rumo para ocupar tempo com as passagens na Ucrânia que pouco influenciam na linha temporal mais atual.
Outro problema dessa segunda temporada é se adiantar e deixar várias peças sem resposta para serem resolvidas em uma possível nova leva de episódios. Todo o plot envolvendo a nova policial e o personagem misterioso de Fábio Assunção parece solto e nada relacionado à trama central, decepcionando quem esperava algum tipo de conexão entre as histórias.
Para saber onde ver os filmes, pesquise no JustWatch
Ainda que com várias falhas e, no geral, soando como uma série quase amadora em virtude de sua imaturidade narrativa e cênica, “Desalma” consegue ser envolvente. E a série segue tendo um mérito louvável de explorar o terror, gênero pouquíssimo abraçado pelo audiovisual brasileiro.
Leia mais:
O Homem do Norte
Doutor Destino no Multiverso da Loucura
O Beco do Pesadelo