Stranger Things: Quarta temporada

A aguardadíssima quarta temporada de “Stranger Things” tinha tudo para ser uma grande bagunça. Com várias linhas narrativas que correm em paralelo, uma característica também, em menor escala, das outras temporadas de uma das maiores séries da atualidade, a história segue em ritmo frenético com várias coisas acontecendo ao mesmo tempo. Mas a quarta temporada da série está longe de ser uma confusão, ainda que, por conta da sua estrutura, ela vá deixando de lado vários personagens e acontecimentos para focar em outros.

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A culpa para que tudo funcione, ainda que com coisas demais acontecendo, é dos criadores, roteiristas e diretores da série, os irmãos Duffer. Com um total domínio do universo que eles mesmo criaram, os dois entregam um roteiro competente e muito bem amarrado, seguindo a mesma linha das temporadas anteriores ao mesmo tempo que criam um novo vilão e o inserem de forma orgânica na conturbada história de Hawkins, cidadezinha onde grande parte da trama acontece.

Sem revelar muito e de maneira resumida, uma onda de assassinatos misteriosos e macabros acontecem na cidade, com parte dos adolescentes tentando entender o que conecta as vítimas e de que forma as mortes estão relacionadas ao mundo invertido. Enquanto isso, Eleven precisa lidar com a fama de pária na nova cidade e com uma possibilidade de recuperar os seus poderes. Já na Rússia, acompanhamos a tentativa de Jim Hopper fugir e retornar aos Estados Unidos.

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Revezando-se entre todas essas tramas, a série consegue prender a atenção e ser envolvente, novamente misturando comédia, suspense e terror, aqui com cenas e mortes ainda mais assustadoras e violentas. Grande parte do sucesso da série, inclusive, é o clima criado pelos diretores, em especial nos episódios dirigidos pelos irmãos Duffer e por Shawn Levy (dos recentes “Free Guy” e “O Projeto Adam”). Apostando na ambientação, a série deixa de lado eventuais falhas de roteiro e conquista graças às ótimas edição, trilha sonora (um viva a quem escolheu Kate Bush como tema central dessa temporada) e direção de arte mergulhada nas cores e aura dos anos 1980.

Já em sua quarta temporada, “Stranger Things” parece também confiar mais em seu público. A série deixa um pouco de lado, por exemplo, as toneladas de citações pop oitentista e um certo senso de cópia das produções da época, mais evidente nas primeiras temporadas. Já devidamente conhecida e venerada pelo público, o programa segue um caminho próprio, ainda que os diretores pisquem para o espectador com referências a filmes como “Carrie, a Estranha” e “O Silêncios dos Inocentes”.

Além da direção certeira e de uma produção de luxo, a série também segue se beneficiando de um elenco carismático e que interage muito bem juntos. A ótima dinâmica entre os atores é o que torna toda a trama envolvendo monstros e mundos paralelos mais verdadeira e crível. Mesmo os novos personagens, como o estranho que lidera um clube de RPG ou o amigo/vendedor de pizza que só vive chapado, parecem já afinados ao universo da série.

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Se há um porém para a quarta temporada, é a estratégia da Netflix de dividi-la em duas partes, com os dois episódios finais sendo lançados apenas no início de julho, o que não deixa de ser um pouco frustrante. Mas a verdade é que em sua primeira parte, a série apresentou e desenvolveu sua história com louvor, amarrando as tramas paralelas para que elas se encontrem nos episódios finais.

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