
Olivia Wilde recebeu vários elogios por sua estreia na direção, a comédia “Fora de Série“, entrando na cobiçada lista “diretores para se prestar atenção” de várias publicações e sites sobre cinema. Daí a expectativa em relação ao seu segundo trabalho atrás das câmeras, o thriller “Não se preocupe, querida“, que a julgar pelo trailer trazia um ótimo elenco em um filme de escopo mais ambicioso e banhado em estilo.
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Mas, apesar de ser realmente bem filmado, com direito a uma encenação caprichada que destaca a direção de arte e a bela fotografia de Matthew Libatique (de várias produções de Darren Aronofsky), “Não se preocupe, querida” se perde em sua própria pretensão graças, principalmente, a uma premissa mal desenvolvida.

Enquanto Olivia Wilde se preocupa em banhar o filme em requinte, com cenas visualmente bem construídas e que apresentam imagens interessantes, o roteiro do longa opta por uma abordagem mais tradicional de suspense que parece não casar com a proposta estética da produção. O que se vê então são belas cenas embalando uma trama bobinha, clichê e que vai sendo atropelada por furos de roteiro e soluções narrativas previsíveis que matam a própria tensão da trama.
Bebendo nas inspirações do american way of life e da estética dos anos 50, o filme apresenta de cara o casal perfeito vivido por Florence Pugh e Harry Styles. Os dois vivem em uma casa dos sonhos localizada em uma vizinhança segura com cara de subúrbio, mas que está incrustada no meio de um deserto. Nessa vida perfeita, os maridos saem para trabalhar diariamente enquanto as esposas ficam em casa fazendo o que elas têm que fazer: arrumar o lar, beber e fofocar.

Não demora muito para o filme colocar esse cenário idílico em xeque, com a personagem de Pugh passando a vivenciar uma série de situações estranhas. Em determinado ponto, ela passa a questionar tudo e, claro, ser taxada de louca por todos, incluindo o próprio marido. É aqui que a produção começa a perder força, com todo o estilo passando por cima da trama, que descamba para o óbvio em meio a imagens oníricas aleatórias e uma conclusão bem qualquer nota.
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No meio dessa mistura irregular de “Mulheres Perfeitas” com “Black Mirror“, salva-se Florence Pugh, que consegue injetar alguma verdade e emoção a um longa que acaba soando distante e cerebral. A proposta de discutir o papel da mulher em meio a uma sociedade machista é válida, mas tanto Pugh como a própria discussão sobre o tema mereciam um filme melhor do que “Não se preocupe, querida” é. Todo o barulho e as polêmicas envolvendo a divulgação do longa só reforçam que ele é mais embalagem do que conteúdo.
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