“A Escavação” tem a maior cara de filme de época de prestígio que fazia a alegria da crítica na virada dos anos 80 para os 90. O longa é baseado em uma história real; tem um elenco com pedigree; e a produção é requintada, com uma bela fotografia, trilha sonora, figurinos e direção de arte. Mas, mesmo com tudo isso, o filme é esquecível.
O longa narra a história real de uma viúva que contrata um escavador na esperança de encontrar alguma descoberta arqueológica em seu terreno. Carrey Mulligan e Ralph Fiennes tem boa química juntos como a viúva e o escavador e se saem bem em seus papéis. Mas, em algum momento, o filme opta por praticamente tirar o foco de seus protagonistas e desviar suas lentes para coadjuvantes bem menos interessantes.
Essa abordagem até funciona em uma novela ou minissérie, mas, aqui, em um filme com menos de duas horas, ela só tira a força das personagens e da própria trama, que deixa a escavação em segundo plano para focar em romances desnecessários ou no contexto da época, a eclosão do envolvimento da Inglaterra na Segunda Guerra Mundial.
Ainda que não consiga imprimir força à história, o diretor Simon Stone até consegue criar algumas cenas envolventes e construir belas imagens. Mas, muitas vezes, o tom contemplativo do longa só reforça a sua falta de impacto, o que fica ainda mais evidente com o final abrupto.
Se tivesse sido lançado nos anos 90, “A Escavação” poderia ter o mesmo destino de um “O Retorno a Howard’s End” ou “Vestígios do Dia”, com algumas indicações ao Oscar no currículo. Mas, hoje, em pleno 2021, a produção fica apenas perdida no cada vez mais extenso catálogo de originais da Netflix.
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