Revi outro dia “Um Príncipe em Nova York”, uma comédia clássica dos anos 1980 e, apesar de não ser um filme ruim, a produção não sobreviveu ao tempo. Eddie Murphy e Arsenio Hall seguram as pontas, mas as piadas são datadas e a produção não esconde a trama machista e a visão estereotipada da África.
Se o original tem a desculpa do tempo, fica difícil defender a continuação temporã lançada 33 anos depois. “Um Príncipe em Nova York 2” deve demais, para o bem e para o mal, à primeira produção, seja em termos de estrutura e de trama.
Da estrutura, o filme pega emprestado um roteiro esquemático que vai pulando de situação em situação de forma ingênua e superficial (muita coisa é mal explicada e os conflitos são resolvidos de forma rápida e desinteressante). Em relação à trama, o filme se reveza entre parecer uma continuação feita para reverenciar o original ou quase uma remake, já que a história bate nas mesmas teclas sobre os conflitos entre tradição e o novo.
Se Murphy e Hall eram a cola que juntava todas as partes solta do original, aqui eles ganham menos relevância. Eddie Murphy, em particular, vira quase um “vilão” coadjuvante do próprio filme, sendo ofuscado pelo personagem do seu filho que vive exatamente os mesmos conflitos que ele viveu no longa de 1988.
O problema maior, no entanto, é que o filme segue a mesma linha machista e estereotipada do original. O roteiro até tenta disfarçar apostando no empoderamento das três filhas do rei, mas é pouco para compensar os diálogos e situações que parecem saídos de uma produção dos anos 1980. Resta ao longa se apegar à nostalgia e à curiosidade de rever os atores do original trinta anos depois.
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