Manhãs de Setembro

Pela sinopse, “Manhãs de Setembro”, nova série da Amazon Prime, tinha tudo para ser panfletária ao retratar o mundo cão de uma mulher trans que trabalha como motogirl e descobre do nada um filho do passado.

Mas, ainda bem, o programa não é dirigido pelo Cláudio Assis (“Amarelo Manga”) e, ao invés de ir pelo caminho da estetização da pobreza e da violência, a série opta pela delicadeza. A pobreza e a miséria estão ali retratadas nas ruas sujas de São Paulo e nos dramas financeiros das personagens, mas a direção e o roteiro não julgam essas pessoas marginalizadas pela sociedade.

A trama gira em torno de Cassandra (vivida com força pela atriz e cantora Liniker), uma mulher trans, fã de Vanuza, que trabalha fazendo entregas de dia e tentando a vida de cantora à noite. Feliz com a conquista de uma kitnet no Centro de São Paulo, ela vê a vida virar pelo avesso com a chegada da trambiqueira Leide, que a apresenta um filho de 10 anos.

A trama pode não ser necessariamente original (“Tudo Sobre Minha Mãe”, de Pedro Almódovar, trafega pelo mesmo universo, por exemplo) ou mesmo desenvolvida (algumas soluções parecem fáceis e rápidas). Mas a bela produção (com destaque para a fotografia), a trilha sonora e o elenco competente (uma salva de palmas para Karine Teles, uma das grandes atrizes da atualidade) passam por cima das falhas.

O fato dos poucos episódios (apenas cinco) serem curtos ajuda o espectador a engajar melhor com a história. A pegada de humor também é muito bem-vinda, em especial as intervenções da cantora Vanusa na cabeça de Cassandra, inserindo leveza em vários pontos da trama.

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