
A genialidade da primeira temporada de “The Handmaid’s Tale” já ficou para trás há algum tempo, sendo ofuscada por duas novas temporadas que giraram em círculos e quase minaram a série por completo. Mas depois de um hiato de um ano (por causa da pandemia), a quarta temporada do programa, finalmente avançou a trama, ainda que sacrificando a lógica e a própria sanidade de sua protagonista.
Em sua penúltima temporada, “The Handmaid’s Tale” parece ter entendido que era preciso olhar para frente, optando por deixar um pouco de lado personagens centrais da trama (Fred, Serena, Nick, Janine e mesmo Tia Lydia perdem um pouco de espaço) para desenvolver a narrativa e fugir do desinteressante vai e vem que emperraram o programa.
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A trama da quarta temporada começa exatamente onde a terceira temporada acabou, com as aias tentando salvar a vida de uma June que foi baleada para salvar quase uma centena de crianças. Depois de um começo que prometia com novos personagens e cenários, a série até chega a recorrer aos erros do passado, repetindo a sequência de June fugindo e sendo novamente capturada. Mas logo a trama se recupera e segue em frente abrindo várias possibilidades. June foge para Chicago, conhece parte da resistência e, finalmente, foge para o Canadá, ainda que a contragosto.
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Um dos pontos positivos dos novos rumos da série é deixar Gilead um pouco de lado e mover o palco central da trama para o Canadá, ainda que a ditadura religiosa seja sempre uma assombração. Acusada de ser uma espécie de torture porn, a série também ganhou com a mudança de ares, deixando um pouco que seja de lado a violência exacerbada de Gilead para focar mais nos traumas que ela causou em seus personagens, agora todos praticamente longe dos olhos de Tia Lydia e outros algozes da história.

Essa proposta fica ainda mais evidente porque a série finalmente coloca em primeiro plano o já antes pincelado desequilíbrio de June (interpretada agora com um ódio quase animalesco por Elisabeth Moss). Para fugir um pouco de suas e repetições, a série transforma June em uma personagem doente que mesmo livre não consegue fugir da prisão de Gilead.
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Para o bem e para o mal, o resultado dessas transformações nem sempre funcionam, ainda mais porque várias decisões narrativas do programa não parecem coerentes. Mas pelo menos elas servem para que a série chegue ao final da quarta temporada da forma mais chocante possível, mostrando um lado assustador de June (e do próprio espectador que compactua com tudo o que ele vê) em prol de um certo regozijo, ainda que tudo funcione mais pelo shock value do que pela lógica.
Demorou, mas “The Handmaid’s Tale” parece ter entendido que já estava na hora de olhar para o futuro e para o fim da série, um programa que, mais uma vez, mostra que não é para quem tem estômago fraco.
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