
Mais uma aposta da Netflix na marca Ryan Murphy, produtor executivo da minissérie, “Halston” é mais uma decepção que tenta atrair o público por causa do fervo e do luxo, mas deixa de lado a narrativa. Dividida em cinco episódios, a minissérie não é ruim, é apenas desinteressante e sem impacto.
“Halston” conta a ascensão e a queda do rapaz do interior que de designer de chapéus vira dono de um império da moda na Nova York dos anos 70 e 80. Por si só, a trama é interessante e abre espaço para o programa ser um desfile de roupas, afetação e muito drama em meio a uma bela encenação e trilha sonora. Mas o roteiro sem foco e uma direção nada inspirada transformam a minissérie em um bom entretenimento esquecível.
O primeiro problema de “Halston” é nunca se interessar realmente pela personagem do designer, apresentada de forma apressada e praticamente sem background. A partir daí, a minissérie dá vários saltos narrativos, sempre mais tocada nos negócios de Halston do que propriamente em desenvolver a personagem. O resultado é pálido e morno, ainda que fácil de acompanhar.
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Em meio a belos figurinos, a minissérie também deixa a desejar no quesito estético, com poucas cenas realmente bonitas visualmente. A direção de Daniel Minahan (que tem várias séries na bagagem, de “A Sete Palmos” a “Game of Thrones”, de “Ratched” a “American Crime Story”) é convencional e nunca consegue elevar o material. O único episódio que consegue entregar a afetação e o luxo prometidos pelo programa é o quarto, que conta um pouco da decadência do designer graças aos excessos e ao vício em cocaína.
Salva-se então o elenco, que desfila pelos episódios em belos figurinos. O destaque, no entanto, é mesmo Ewan McGregor, um ótimo ator que modula seu voz, esconde seu sotaque escocês e consegue dar alguma dignidade a uma personalidade única perdida em uma minissérie que muito promete, mas pouco entrega.
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