O menu

O Menu” é o típico filme que é puro conceito. O problema geral dessa espécie cada vez mais comum de produção é quando ela se acha muito mais inteligente do que realmente é, caso deste suspense com toques cômicos. Apesar da premissa interessante, qualquer pessoa que já tenha assistido a muitas narrativas entende a jogada do longa só pelo trailer.

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Ainda que, de certa forma, a originalidade e a surpresa do filme sejam, na verdade, bem óbvias, ele traz algo de novo. “O Menu” deixa de lado, por exemplo, a visão idealizada e romântica do cinema em relação à gastronomia para apostar na tensão e ironia. O conceito que tira sarro do esnobismo do universo gourmet e da própria concepção capitalista de “compra de experiências” também parece trazer um frescor a uma trama de reviravoltas previsíveis.

Mas falta ao longa uma explicação mais plausível para os planos do chef e por que todos os seus funcionários embarcam nele como uma espécie de culto.  Estruturado como se realmente fosse um menu, o longa narra uma noite de confronto entre convidados e funcionários de um restaurante renomado isolado em uma ilha. O que, a princípio, era para ser uma experiência gastronômica única vira uma torture porn light para fazer o espectador rir de nervoso.

Mesmo sendo bem menos do que pretende ser (uma crítica inteligente ao status da nossa sociedade atual, algo feito também, de outra forma, por “Triângulo da Tristeza”), “O Menu” funciona porque é realmente tenso e divertido, cortesia da direção metódica de Mark Mylod, que mimetiza muito bem o rigor e formalismo do mundo gastronômico, e do roteiro que entrega situações bizarras e bons diálogos.

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Mas o longa é mesmo de Anna Joy-Taylor e Ralph Fiennes, ótimos em cena ao construírem uma boa dinâmica entre si, mesmo que o longa não desenvolva muito bem os personagens (uma cliente que não deveria estar ali e um renomado chef que parece preso à sua própria imagem). O resto do elenco (com exceção da ótima Hong Chau, que vive uma assustadora funcionária do restaurante) parece apenas representar tipos que cumprem um papel nessa trama que funciona melhor quando quer apenas divertir, não refletir sob o estado da arte gastronômica.

Se não for levado a sério, “O Menu” é um belo passatempo, nervoso e direto ao ponto, mas bem aquém da crítica mordaz que o filme se pretendia ser.

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