Ethan Hawke: 50 anos em 5 filmes

 A primeira incursão de Ethan Hawke no cinema, ainda criança, foi na aventura espacial infantil oitentista “Viagem ao Mundo dos Sonhos”. Alguns anos depois, o ator chamou atenção como um dos jovens do drama oscarizado “Sociedade dos Poetas Mortos”. Desde então, o ator (e meu crush de adolescência) não parou de trabalhar e construiu uma carreira diversa, marcando presença em filmes mais comerciais (“Que Garota, Que Noite”, “Grandes Esperanças”, “Dia de Treinamento”, “Sete Homens e um Destino”) sem nunca deixar de lado o cinema independente, inclusive desenvolvendo uma importante parceria com o cineasta Richard Linklater.

Nesse 6 de novembro, ex-ator mirim e galã juvenil chega aos 50 anos com uma extensa filmografia e duas indicações ao Oscar (como ator coadjuvante em “Dia de Treinamento” e “Boyhood”, além de uma terceira roubada pelo desconcertante “Fé Corrompida”). Eis os meus cinco filmes preferidos de Ethan Hawke:

 

Sociedade dos Poetas Mortos (1989) – Mais de 30 anos depois do seu lançamento, é fácil desdenhar desse clássico contemporâneo envolto em ingenuidade, seja porque sua fórmula foi desgastada por outros filmes similares, seja por causa das tatuagens de “Carpe Diem” que pululam por aí. Mas a direção delicada de Peter Weir, a inocência do jovem elenco e um Robin Williams em sua versão mais carismática são qualidades suficientes para deixar de lado as falhas da produção, que ainda se mostra pertinente ao tratar com honestidade da dicotomia entre tradição e modernidade, liberdade e submissão. Aqui, Ethan Hawke interpreta um adolescente tímido que encontra na sociedade do título uma válvula de escape para sua introversão.


Caindo na Real (1994) – A trama não é nada nova: os conflitos de jovens chegando à vida adulta. Mas o elenco (Winona Ryder, Ethan Hawke e seu cabelo oleoso, Jeneane Garafalo, Steve Zahn e um, na época, bonito e coxinha Ben Stiller) e a roupagem “MTV” dão charme e vida aos dramas de uma geração que ficou perdida entre os yuppies e os millenials. O longa pincela várias questões desde expectativas e frustrações profissionais a identidades e romances mal resolvidos e virou marca registrada dos jovens dos anos 1990. No fundo, é uma comédia romântica com uma pegada grunge e ótima trilha sonora.

Gattaca (1997) – Em um futuro não tão distante, a humanidade é dividida entre pessoas geneticamente perfeitas e inválidos. Claro que, seguindo a lógica discriminatória da nossa sociedade atual, os inválidos sofrem preconceito e são renegados pela elite genética. Com essa premissa absurdamente plausível, o diretor e roteirista Andrew Niccol consegue criar uma ficção científica gélida e, ao mesmo tempo, melodramática, misturando romance, assassinato e disputa entre irmãos. A direção de arte hermética, a fotografia amarelada e a tocante trilha sonora de Michael Nyman casam perfeitamente com a beleza do trio central (Ethan Hawke, Uma Thurman e Jude Law beirando a perfeição) e ajudam a transformar esse longa em uma das sci-fi mais interessantes dos anos 1990.

Uma Thurman: 50 anos em 5 filmes

Grandes Esperanças (1998) – Esse filme faz parte da onda de modernização de clássicos da literatura que invadiu os cinemas nos anos 1990. Baseado na obra de Charles Dickens, a produção é quase uma cápsula para a década de 90, com um ritmo emprestado dos videoclipes, uma trilha característica da época e uma fotografia que aproveita muito bem a beleza de Ethan Hawke e a atuação extremamente sexy de Gwyneth Paltrow. A trama é igual a do livro, mas às vezes soa apressada, melodramática e superficial, mas é interessante ver os hoje cultuados Alfonso Cuáron e Emmanuel Lubezki trabalhando em uma outra chave mais jovem e despojada.

Trilogia Before (1995 / 2004/ 2013) – Nas mãos de um diretor qualquer, Jesse e Celine seriam apenas mais dois protagonistas de um romance de cinema independente qualquer. Mas o cineasta Richard Linklater e os atores Ethan Hawke e Julie Delpy vão além e dão outra dimensão aos personagens e aos filmes sobre um casal e seus encontros e desencontros. Mais do que uma trilogia que maximiza tudo o que entendemos sobre o termo “continuação” no cinema, os três longas provocam uma bela e emocionante reflexão sobre o amor e como a passagem do tempo afeta nossos relacionamentos, ainda capturando no meio do caminho a ingenuidade, a decepção e uma visão mais amarga do desenrolar da vida de um casal. Retrato de uma geração que cresceu na década de 1990, conheceu o mundo nos anos 2000 e atingiu a maturidade na confusão da atualidade, é bem difícil ver os três filmes de forma isolada e não como um agridoce panorama sobre o que é viver e envelhecer. Falo mais sobre a trilogia em um post antigo do blog.

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Michelle Williams: 40 anos em 4 filmes

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