007 – Sem tempo para morrer

“Sem Tempo para Morrer” é o primeiro filme da leva de Daniel Craig como James Bond a não começar logo de cara com uma sequência explosiva de ação com o espião com licença para matar correndo, pulando, batendo e atirando. A cena inicial é focada no passado de Madeleine (vivida por Léa Seydoux), que vira a peça central de uma trama sobre uma arma biológica. 

Faz sentido deixar a ação um pouco de lado, afinal o agente inglês inicia o longa apaixonado, vivendo uma espécie de lua de mel com Madeleine. Mas, claro, não demora muito para que as coisas saiam dos eixos e James Bond volte a ser o James Bond de sempre. É uma pena, no entanto, que “007 – Sem Tempo para Morrer”, a despedida de Daniel Craig como o personagem icônico, seja, de certa forma, o filme mais decepcionante dos protagonizados pelos músculos e olhos azuis penetrantes do ator inglês. 

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Com grandes cenários e um vilão megalomaníaco com ares de Thanos (dos filmes dos Vingadores), o longa remete às produções de outrora do agente com licença para matar, perdendo um pouco da aura mais política das produções anteriores ao apostar na fantasia de um cara louco que quer apenas acabar com o mundo.

Ainda que siga o passo dos anteriores e apele para o lado emocional de James Bond, o diretor Cary Joji Fukunaga (de “Beasts of No Nation” e da primeira tempoarada de “True Detective”) deixa de lado o passado do agente para focar no de sua amada. A estratégia não funciona muito bem, já que, de certa forma, abandona a continuidade e o desenvolvimento das origens de Bond no qual a franquia se apoiava, ainda que traga de volta, por exemplo, o personagem de Christoph Waltz

Batendo as 2h40 de duração, o filme também perde um pouco do apelo graças a uma trama arrastada e que dá volta demais, apresentando um desfile de personagens que aparecem e somem sem causar nenhum impacto ou sendo desperdiçados. É o caso dos agentes da CIA vividos por Jeffrey Wright e Billy Magnussen, da pouco aproveitada Ana de Armas (umas das melhores coisas do longa) e mesmo da nova 007 (sim, Bond foi substituído) vivida por Lashana Lynch.

Ainda que também apareça pouco, o vilão de Rami Malek é um dos problemas de “Sem Tempo para Morrer”. Sem nenhuma motivação aparente a não ser a mais pura vingança (Javier Bardem se saiu melhor em “Skyfall” com propósito similar), Malek soa infantil e mais parece um vilão caricato de desenho animado, destoando da galeria de criminosos do mundo real dos filmes anteriores de Craig. Com uma trama solta e nem sempre envolvente, agravada pela longa duração, tudo em “Sem Tempo para Morrer” soa um tanto forçado e esquemático, inclusive o final que fecha o ciclo de Daniel Craig da forma mais previsível possível. 

Um bom diretor criador de suspense, Fukunaga também derrapa um pouco nas cenas de ação do longa, ensanduichadas entre sequências mais lentas que tentam desenvolver a trama. Se nas produções anteriores, a edição frenética ajudava os longas a ganharem urgência, aqui, ela dá vida a cenas confusas, lutas mal coreografadas e sequências pouco inspiradas.  

Sem o impacto de “Cassino Royale”, a carga emocional de “Skyfall” e a competência de “Spectre”, “007 – Sem Tempo para Morrer” só supera mesmo o fraco “Quantum of Solace”. Daniel Craig merecia uma despedida mais memorável e com identidade. 

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