Maid

Eu não imaginava que assistir a “Maid” fosse ser tão difícil, já que a minissérie gira em torno de uma mãe que sofre de abuso psicológico e luta para tentar sobreviver sem dinheiro com a filha pequena (ou seja, algo completamente fora da minha realidade). Mas o programa é uma montanha-russa de humilhações e sofrimento, então, em algum momento, a série começou a me deixar angustiado, quase sufocado.

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Alex (a ótima Margaret Qualley) é uma jovem mãe que sai escondida de casa no meio da noite com a filha para fugir do marido alcoólatra. Sem dinheiro ou trabalho, ela enfrenta uma pilha de burocracia para conseguir algum tipo de benefício social. Toda a papelada é apenas o início de uma jornada de quase miséria em que a jovem é maltratada no trabalho como faxineira enquanto precisa suportar a fúria do marido abandonado e o descaso da mãe que vive uma realidade própria.

Se a minissérie não é um completo martírio é graças ao texto delicado e à direção criativa que injeta um pouco alento à trama com recursos visuais interessantes e boas saídas dramáticas. O bom elenco também é responsável pelo sucesso da série, dando humanidade a personagens que seriam facilmente vistos como vilões: do marido alcoólatra (Nick Robinson) à mãe destrambelhada que mais atrapalha do que ajuda (uma excêntrica e melancólica Andie McDowell, mãe de Qualley na vida real).

Na trajetória de altos e baixos de “Maid”, a minissérie consegue lidar de forma honesta com assuntos espinhosos. Do tema central, a violência psicológica (aqui agravado por ser algo cíclico na vida de Alex), à sororidade que surge entre as mulheres (o programa acerta em cheio ao não permitir que Alex seja “salva” por um homem ou mesmo apelar para a meritocracia, já que ela só consegue sair de sua situação com a ajuda de pessoas) passando por todo o sofrimento gerado pela situação financeira da personagem, o texto consegue escapar com louvor de várias armadilhas, mesmo não fugindo do melodrama e do clichê.

Mesmo sem a complexidade de um “I May Destroy You”, “Maid” é uma bela minissérie, só não recomendo maratoná-la.

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