De uma geração de atores e celebridades que começou na série “The Mickey Mouse Club”, da Disney (Keri Russel, Justin Timberlake, Britney Spears e Christina Aguilera também passaram por lá), Ryan Gosling fez alguns trabalhos na TV e papéis pequenos no cinema em filmes como “Duelos de Titãs” e “Cálculo Mortal” até ganhar mais destaque no romance “O Diário de Uma Paixão”.
Mas o ator não se deixou definir pelo corpo torneado ou rostinho bonito, já tendo provado várias vezes que é mais do que o galã perfeito para papéis românticos em filmes como “Amor a Toda Prova” e “La La Land”. Várias vezes Gosling investiu no papel de homem atormentado e deslocado. Do neonazista arrependido de “Tolerância Zero”, passando pelo professor viciado de “Half Nelson: Encurralados”, o jovem que se apaixona por uma boneca em “A Garota Ideal” ou o motorista silencioso que explode em violência de “Drive”, Gosling criou uma carreira eclética e até se aventurou na direção no irregular “Rio Perdido”.
Ente parcerias com os cineastas Damien Chazelle (“La La Land” e “O Primeiro Homem”), Nicolas Winding Refn(“Drive” e “Só Deus Perdoa”) e Derek Cianfrance (“Namorados para Sempre” e “O Lugar Onde Tudo Termina”), duas indicações ao Oscar e três filmes ao lado de Emma Stone, Ryan Gosling chega aos 40 anos neste 12 de novembro. Eis meus filmes prediletos do ator:
A Garota Ideal (2007) – A premissa dessa dramédia indie parece ridícula, mas o roteiro (indicado ao Oscar) e a direção delicada de Craig Gillespie conseguem dar credibilidade à trama de um rapaz que se apaixona por uma boneca. De forma delicada e tocante, o filme encanta ao mostrar toda uma comunidade embarcando na loucura de Lars para dar suporte ao rapaz. Ryan Gosling é outro responsável pelo sucesso do longa, ao emprestar seu carisma a um personagem complexo que ganha o coração do público. O ator demonstra com desenvoltura o desconforto de Lars ao redor de pessoas e não tem medo de passar vergonha ao atuar com uma boneca. O resto do elenco também impressiona, com Emily Mortimer, Paul Schneider, Patricia Clarkson e Kelli Garnerentregando atuações comoventes.
Namorados para Sempre (2011) – Michelle Williams e Ryan Gosling vivem nesse drama “romântico” um casal em dois momentos distintos de seu relacionamento: o início e o fim. Dirigido de forma avassaladora por Derek Cianfrance, o longa vai e volta no tempo para tentar mostrar os caminhos da relação que levaram do flerte em um ônibus para a violência física de uma briga em um hospital. O cineasta faz isso da maneira mais dura possível, nunca descolando a câmera do rosto dos dois atores, ambos dedicados a tornar a relação a mais real possível. O resultado é destruidor e triste. Williams foi indicada ao Oscar, Gosling não, talvez porque a Academia não seja muito favorável a homens frágeis, especialmente em romances.
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Drive (2011) – Como um bom esteta da violência que é, Nicolas Winding Refn abusa das câmeras lentas e da música eletrônica nesse desfile de belas cenas. O cineasta quase deixa a trama de lado e foca na plasticidade das imagens nesse exercício de brutalidade em que cabeças explodem e o sangue jorra na tela. Ryan Gosling compra a ideia do diretor e entrega uma interpretação silenciosa e quase dura, emprestando sua beleza e talento para uma personagem que não tem nenhum background e se divide entre arroubos de fúria e momentos de delicadeza (sempre que está ao lado da vizinha vivida por Carey Mulligan). O resultado é puro cinema. Pena que a reunião entre Refn e Gosling deu fruto a um dos piores e mais pretensiosos filmes dos últimos anos (“Só Deus Perdoa”).
O Primeiro Homem (2018) – É fácil entender porque o novo filme do diretor de “La La Land” não está indo tão bem nas bilheterias. Ao invés de tentar transformar os astronautas da NASA em heróis, Damien Chazelle está mais interessado em mostrar os seus fracassos e todo o meticuloso percurso que levou a missão do Apollo 11 se tornar bem-sucedida. O resultado é um filme mais cerebral e extremamente técnico que só se permite ser épico e melodramático na esperada chegada do homem à Lua. Esse tom mais frio pode desagradar quem espera por uma produção mais acelerada, mas é fundamental para dar à conquista da missão a merecida pompa. A bela fotografia quase claustrofóbica, a edição mais descompromissada e o ótimo trabalho de som também são destaque.
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